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O que os estados da Amazônia Legal precisam para gerar US$ 1 bilhão ao ano com créditos de carbono

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Pedro Plastino, executivo de negócios climáticos (Foto: Divulgação)

São Paulo, agosto de 2025 – Os estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão) têm potencial para gerar cerca de US$ 1,4 bilhão por ano com créditos de carbono, de acordo com estudo do Earth Innovation Institute (EII). A projeção considera a adoção do modelo REDD+ jurisdicional e prevê que os primeiros pagamentos ocorram a partir de 2026. Até 2030, a receita acumulada poderia chegar a US$ 21,6 bilhões.

Esse valor poderia ser ainda maior com a implementação das chamadas cartas de ajuste correspondente, mecanismo previsto no Artigo 6 do Acordo de Paris. O instrumento é considerado essencial para evitar a dupla contagem e permitir a negociação em mercados regulados internacionais, onde os preços são até 50% superiores aos do mercado voluntário. Nesse cenário, a receita anual poderia alcançar aproximadamente US$ 2 bilhões.

O programa CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), coordenado pela OACI, é apontado como uma oportunidade promissora. No entanto, o Brasil ainda não está estruturado para oferecer créditos compatíveis, o que o deixa de fora das negociações com companhias aéreas. Outro entrave é a ausência de acordos bilaterais firmados pelo país para que seus créditos sejam reconhecidos em mercados regulados internacionais. Países vizinhos, como o Peru, já avançaram nessa frente, assinando acordos com compradores como a Suíça, o que lhes garante condições mais favoráveis para comercialização no exterior.

Para, Pedro Plastino, o especialista em negócios climáticos, a falta de uma diplomacia ativa do Itamaraty na negociação de Transferências Internacionais de Resultados de Mitigação (TIRMs) compromete a liquidez dos créditos brasileiros e reduz a competitividade do país em um mercado global cada vez mais disputado.

Segundo o especialista, esse cenário reforça a urgência de um esforço coordenado entre estados e governo federal. Ele aponta como prioridades: firmar acordos bilaterais que criem canais regulares de demanda internacional a partir de sistemas de integridade; estabelecer governança transparente com distribuição de benefícios a comunidades locais e povos indígenas; alinhar-se a padrões internacionais como o CORSIA; e envolver o Ministério Público Federal desde o início, de modo a assegurar legitimidade e equidade no processo.

Na avaliação de Plastino, sem esses passos, que incluem a implementação das cartas de ajuste, o alinhamento regulatório, a assinatura de acordos bilaterais, a construção de uma governança sólida e o engajamento do MPF, o Brasil corre o risco de perder receitas significativas e comprometer sua posição estratégica na geopolítica do clima.

A criação de um mercado robusto e confiável de créditos de carbono na Amazônia Legal, respaldado por avanços diplomáticos, regulatórios e técnicos, é vista como caminho para transformar a preservação florestal em um ativo econômico estratégico de longo prazo, unindo desenvolvimento sustentável e cooperação internacional.


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