Rodolpho Pereira, engenheiro e diretor de operações da Hi Tech Honeycomb detalha como a tecnologia está transformando a aviação agrícola no Brasil, oferecendo segurança, precisão e economia para pequenos e grandes produtores.
O Brasil, potência agrícola global, está passando por uma revolução silenciosa mas transformadora nos céus de suas plantações. Com o uso de drones na aviação agrícola crescendo exponencialmente, o país já ocupa a posição de segundo maior mercado mundial para essa tecnologia. Segundo dados do Sistema de Aeronaves Não-Tripuladas (Sisant), vinculado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o número de drones agrícolas aumentou 375% nos últimos dois anos, saltando de 1.109 para 5.269 unidades em operação. Esse avanço está modificando práticas e investimentos no setor, oferecendo uma alternativa segura e eficiente para a aplicação de defensivos, tarefa que tradicionalmente era realizada por aviões agrícolas conhecidos como *airtractors*.
Para Rodolpho Pereira, engenheiro mecânico e diretor de operações da Hi Tech Honeycomb, drones e aviação agrícola convencional desempenham papéis complementares na otimização do agronegócio. “Os aviões agrícolas, como os *airtractors*, são essenciais para grandes áreas devido à sua maior capacidade de carga, cobrindo grandes extensões em pouco tempo. No entanto, os drones emergem como uma solução tecnológica eficiente, especialmente em áreas menores ou de difícil acesso, onde os aviões não conseguem operar com a mesma precisão”, explica Rodolpho.
Entre as vantagens dos drones, o especialista destaca o controle aprimorado na aplicação de defensivos e fertilizantes. “Os drones permitem uma aplicação localizada e precisa, economizando recursos e reduzindo o impacto ambiental. Além disso, com a coleta de dados em tempo real, oferecem um monitoramento detalhado das condições das plantações, ajudando os agricultores a tomarem decisões mais informadas”, acrescenta Rodolpho.
Outro benefício que ele aponta é a redução significativa nos custos de manutenção em comparação à aviação agrícola tradicional. “A manutenção de aviões agrícolas é complexa e dispendiosa, exigindo cuidados contínuos nos motores e em seus sistemas para garantir segurança e performance. Os drones, por outro lado, são mais simples de manter, tornando-se uma opção econômica, especialmente para pequenos e médios produtores”, comenta o especialista.
Rodolpho também destaca questões de segurança e eficiência econômica. “Os drones são operados remotamente, eliminando a exposição direta dos pilotos a produtos químicos. Além disso, o custo de operação é menor, pois não requer grandes volumes de combustível ou manutenção complexa, como ocorre com os aviões.”
Por fim, ele complementa que a tecnologia dos drones está avançando rapidamente, e as regulamentações também estão se adaptando para integrar melhor essa solução ao agronegócio. “A aviação agrícola tradicional e os drones não se substituem, mas se complementam, oferecendo aos produtores rurais mais ferramentas para maximizar a eficiência no campo,” conclui.
Desafios e Regulamentação
Apesar do crescimento, o uso de drones na agricultura enfrenta desafios regulatórios. Segundo as normas vigentes, apenas engenheiros agrônomos ou florestais podem ser responsáveis pela aplicação de agrotóxicos. No entanto, muitos produtores delegam essa tarefa a funcionários não qualificados, o que pode comprometer a eficácia e segurança das operações. Empresas de serviços de pulverização com drones exigem que os pilotos tenham formação específica, como o Curso para Aplicação Aeroagrícola Remota (CAAR), regulamentado pelo Ministério da Agricultura.
Além disso, a Anac estabelece que drones profissionais sejam operados por pessoas com no mínimo 18 anos, e que todos os equipamentos sejam cadastrados e homologados. A altura máxima de voo recomendada é de 120 metros, com distâncias específicas de aeródromos e outras áreas restritas.
Expansão e Profissionalização
A crescente demanda por drones agrícolas está atraindo novos fabricantes e investimentos para o Brasil. A recente autorização para voos além do alcance visual (BVLOS) pela Anac, permite que drones como o eBeeX da SenseFly operem sem necessidade de contato visual constante, ampliando significativamente seu alcance e aplicabilidade.
O Futuro da Aviação Agrícola
Com a profissionalização e regulamentação adequada, os drones estão prontos para transformar a aviação agrícola no Brasil. “A transição para drones na aplicação de defensivos é um passo natural para o Brasil.Com investimentos contínuos em tecnologia e regulamentação, o país pode se tornar um líder global no uso de drones na agricultura.” conclui.
A adoção de drones na aviação agrícola está reconfigurando o panorama do setor no Brasil. Com benefícios claros em segurança, eficiência e sustentabilidade, essa tecnologia está pronta para redefinir o futuro da agricultura no país, promovendo uma revolução tecnológica que promete transformar a maneira como os defensivos são aplicados nas lavouras brasileiras.
Luciana Debom
Assessora de Imprensa
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