Por Lima Rodrigues, de Belém
O ex-ministro da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, da Defesa, do Esporte, da Ciência e Tecnologia e ex-deputado federal Aldo Rebelo, hoje filiado ao PDT, foi bastante aplaudido no início da noite de quarta-feira, em Belém, ao fazer palestra para produtores rurais na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), ao afirmar que “a Amazônia não pode ser transformada em um santuário intocável em detrimento do setor produtivo”.
Ao destacar que a Amazônia ocupa a posição número 01 da agenda geopolítica do mundo, porque tem 30% da biodiversidade mundial, ele afirmou que “bloquear a infraestrutura na Amazônia é bloquear a produção”.
Aldo Rebelo disse ainda que “o bloqueio da Amazônia é o bloqueio do Brasil”.
Ele defendeu um amplo debate sobre a Amazônia e uma espécie de “inventário” sobre a região, que na sua visão, “é pouca compreendida”. Segundo o ex-ministro, “esse inventário revelará todos os detalhes de recursos naturais e da biodiversidade da Amazônia e o que é de responsabilidade do Brasil e de outros países sobre preservação. Esse inventário ajudará a dizer o que representa a Amazônia para o mundo, mas não ser considerada apenas um passivo. A Amazônia pode muito bem receber indústrias, o comércio e o setor produtivo, sem prejudicar o meio ambiente. Mas a resistência vem de fora porque há muitos interesses escusos por trás disso”, ressaltou o ex-deputado e jornalista.
Para o ex-presidente da Câmara dos Deputados, “o mesmo Estado que incentivou o povo a deixar o sul, sudeste, nordeste e centro-oeste na década de 1970 para ocupar a Amazônia para integrar e não entregar é o mesmo que hoje trata o setor produtivo da região como bandido” e acrescentou: “Quem devia ser protegido e fortalecido é perseguido”.
Pará
O ex-ministro afirmou ainda que o Pará tem um futuro brilhante pela frente por ter um potencial agropecuário muito grande. “O Pará hoje tem o segundo maior rebanho bovino do Brasil e é o maior produtor de cacau do país, entre outras culturas em destaque como açaí, dendê, além da produção mineral. O Pará tem a fronteira agropecuária mais avançada do mundo e o estado puxa o desenvolvimento da Amazônia. O Pará tem fronteiras promissoras em todas as áreas”, disse ele.
Aldo Rebelo deixou uma questão no ar: “Se a Amazônia não pode ter indústria e o setor produtivo não pode se desenvolver, para onde irão os jovens estudantes de zootecnia, medicina veterinária e engenharia florestal da região após se formarem, já que a pecuária e a agricultura são proibidas e penalizadas pelo governo? Bloquear o setor produtivo chega a ser esquizofrênico”.
O Quinto Movimento
A palestra do ex-ministro Aldo Rebelo foi realizada após a reeleição do presidente Carlos Xavier para mais um mandato de 4 anos à frente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Pará (FAEPA).
Depois da palestra, Aldo Rebelo autografou bastante exemplares do seu mais recente livro “O Quinto Movimento – Propostas para uma construção inacabada”, da Já Editora, de Porto Alegre (RS), editado com o apoio do Instituto José Bonifácio e com gestão e produção editorial da Anima Editora Ltda.
“Este livro é um depoimento sobre a centralidade da Questão Nacional, como principiei compreendê-la desde minha formação e na história da formação social brasileira. É também uma reflexão sobre o Quinto Movimento, como denomino as iniciativas necessárias à retomada da construção material e espiritual da nossa Pátria. Centralidade de Questão Nacional é a ideia de que a Nação é o eixo organizador da vida social na presente etapa da história da civilização; a convicção segundo a qual o Estado Nacional é a organização apta a proteger os valores da dignidade da pessoa humana e a crença na certeza de que viver em um país livre de qualquer submissão a outro país é o mais sagrado dos direitos do homem depois do direito da vida”, diz Aldo Rebelo na apresentação do livro “O Quinto Movimento – Propostas para construção inacabada”. E ele já prepara outro sobre suas viagens pela Amazônia.
Biografia
Aldo Rebelo é natural de Alagoas, mas fez carreira política em São Paulo, começando como presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e depois como vereador na capital paulista (1989-1991) pelo PC do B.
Ele exerceu seis mandados de deputado federal de 1991 a 2015.
Segundo o site oficial da Câmara dos Deputados, Aldo licenciou-se do mandato de Deputado Federal, na Legislatura 2003-2007, para exercer o Cargo de Ministro da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, de 23 de janeiro de 2004, a 20 de julho de 2005; Licenciou-se do mandato de Deputado Federal, na Legislatura 2011-2015, para assumir o cargo de Ministro do Esporte, a partir de 31 de outubro de 2011.
Na Câmara, foi líder do PC do B, líder do Bloco PSB e líder do Governo em 2003-2004. Presidiu a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e presidiu a Câmara dos Deputados no biênio 2005-2007.
Aldo Rebelo foi também relator na Câmara dos Deputados do projeto de lei que originou o novo Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/12).
Entre suas obras literárias estão: “No olho do furacão: Luíza Erundina, a campanha e a vitória”; “Palmeiras X Corinthians 1954 – O Jogo Vermelho” e “Raposa-serra do sol: o índio e a questão nacional”. (Com informações do site da Câmara dos Deputados”.