
Paragominas (PA) quer alavancar cada vez mais a produção de peixes no município e ter a maior área produtiva de pescado do estado, com produtividade e sustentabilidade. O assunto foi tema da programação da 58ª Exposição Agropecuária da cidade, a AGROPEC 2025, que foi aberta dia 9 e termina neste domingo, 17 de agosto.
Na quarta-feira (13), por meio da Secretaria de Agricultura, foi realizado um Dia de Campo sobre Piscicultura na Fazenda Juparaná, com a participação do prefeito do município, Sidney Rosa, do vice-prefeito, Aldo Tortari, do ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolim, do secretário de Agricultura, Rosemiro Ribeiro, do diretor-técnico da Emater-PA, Wandenkolk Gonçalves, da presidente do Sindicato Rural, Maxiely Scaramussa Bergamin, e produtores rurais da região e representantes da comunidade local.
Os participantes visitaram a Fazenda Juparaná, onde o empresário José Carminati, que investe na produção de pescado, explicou detalhes de todo o processo de criação e desenvolvimento dos alevinos.
Depois, foram soltados mais de 35 mil alevinos rio no Uraim, como parte do projeto de repovoamento dos rios de Paragominas.
“Apesar da expectativa e da vocação natural para a atividade, o crescimento da piscicultura no Pará tem sido tímido. Em 2024, o estado produziu 25.420 toneladas, um leve avanço de 4,18% em relação ao ano anterior. Os peixes nativos lideram com ampla margem, representando 24.100 toneladas do total, enquanto a tilápia ainda tem presença discreta, com apenas 1.050 toneladas. Outras espécies, como carpa, truta e panga, somam 270 toneladas”, de acordo com o portal enercons.com.br.
Outorga
Nesta sexta-feira (15), em cerimônia em Paragominas, o governador do Pará, Helder Barbalho, entregou a outorga para a operação de piscicultura no município, com área total de 330.000 M2.
Mapa da piscicultura
Ainda segundo o portal enercons.com.br, conforme levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), esse desempenho modesto revela um problema de base: a falta de um marco regulatório atualizado e atraente para investidores. Sem regras claras e um ambiente de negócios favorável, os projetos de expansão não decolam. O plano de desenvolvimento prometido para o setor há alguns anos ainda não saiu do papel, e o número de viveiros permanece limitado. Hoje, o estado conta com 7.340 hectares de área de cultivo, distribuídos em 29.112 viveiros e apenas 317 tanques-rede — número considerado baixo, principalmente em comparação com outras regiões produtoras.
Maiores municípios produtores
Municípios como Paragominas, Marabá, Conceição do Araguaia, Altamira e Ipixuna do Pará lideram a produção estadual, de acordo com os dados mais recentes do IBGE. Essas regiões já demonstram vocação para a piscicultura e poderiam se beneficiar fortemente de uma política pública mais eficiente e direcionada. (enercons.com.br.).
Após o Dia de Campo, o ex-ministro Altemir Gregolim fez palestra no auditório Inocêncio Oliveira do Sindicato Rural de Paragominas dentro do seminário Raízes do Conhecimento. Ele apresentou detalhes da produção de pescado no Brasil, falou da questão ambiental e destacou a importância da piscicultura para o Pará.
Em seguida, Altemir Gregolim concedeu entrevista ao programa Conexão Rural:
Ministro, qual a importância de um dia de campo desse e a visão do senhor sobre a ideia do município de fortalecer a piscicultura na região?
Ah, muito importante, muito importante. O dia de campo, ele traz as pessoas para conhecer uma experiência prática, inovadora. O senhor Carminati é um grande desbravador, um grande sonhador e seguramente tem contribuído muito com o desenvolvimento da piscicultura aqui em Paragominas.
Eu parabenizo o prefeito Sidney Rosa e as lideranças locais por estarem fazendo esse encontro dentro de uma das maiores feiras do Pará a AGROPEC, porque, através disso, é que a gente discute as perspectivas, as possibilidades e a viabilidade da piscicultura.

O senhor acredita na força da piscicultura do Pará?
Eu acredito muito, sou um dos grandes defensores. Fui ministro por cinco anos e sei que o Pará e a Amazônia podem ser um grande polo mundial de produção de pescado. Por quê? Porque tem a maior reserva de água doce do mundo, tem peixes extraordinários, tem alinhamento com a preservação da floresta amazônica, porque é a atividade pecuária que menos emite gases de efeito estufa. Preserva a floresta, não precisa destruir, derrubar a floresta para produzir peixe. O peixe é a proteína de origem animal mais consumida e mais comercializada no mundo. E o mundo quer preservar a floresta amazônica.
Então, nós precisamos oferecer alternativas que gerem trabalho, emprego, renda e riqueza. E não tem melhor alternativa do que a produção de peixe. A gente precisa investir nisso, aproveitar a COP, dar visibilidade para essa atividade, atrair recursos e investimentos para essa atividade, que os fundos internacionais estão carreando para cá: o Fundo Clima, o Fundo Amazônia, que vão captar muito recurso no pós-COP, e investir na produção do pescado.
Então, iniciativas como essa são louváveis e eu tenho certeza que vão contribuir muito com o desenvolvimento dessa cadeia. E nós vamos nos orgulhar muito desta região e do Pará no futuro próximo.

Entrevistei também o empresário José Carminati:
Qual a avaliação que o senhor faz desse Dia de Campo aqui na sua propriedade?
Foi excelente. É a primeira vez que a gente faz uma divulgação de uma atividade que está nascendo aqui na região. Então, isso aqui é divulgação, é o grande marketing da piscicultura no estado do Pará. Você pode ter certeza que daqui alguma coisa de bom vai sair para o estado do Pará, porque a gente vê que as autoridades estão empenhadas em realmente fazer da piscicultura um grande negócio para a população.
Aqui hoje são quantos tanques?
Aqui são 90 tanques, mas nós estamos usando uma quantidade menor, porque depende de licenças, e essas licenças estão demorando. Mas acredito que agora, durante esta semana, a gente já vai receber as licenças, as outorgas, e aí vamos colocar tudo em funcionamento. (As licenças serão liberadas nesta sexta-feira pelo governo do Estado, com a presença do governador do Pará, Helder Barbalho).
No total de lâmina d’água chega quanto?
Hoje aqui tem 100 hectares, mais ou menos.
A sua ideia é produzir o panga, o tambaqui, e quais as outras espécies?
Veja bem, o panga eu dependo de uma licença especial, porque é um exótico. Eu pretendo produzir, mas aí eu tenho que trabalhar essa licença. Aí, por enquanto, a gente vai ficar mais restrito ao tambaqui, ao piau, à curimatã, ao tucunaré, ao pirarucu, ao surubim, caparari, enfim, outros peixes de água doce e são da região amazônica.
Tem ideia também depois de produzir a tilápia?
A tilápia nós já temos, inclusive uma licença municipal para a produção de tilápia. Mas ainda não é interessante aqui na região. O costume do povo aqui é de consumir o peixe inteiro. E a tilápia, ela tem que ser industrializada, e o costume é vender a tilápia limpa e filetada.
Só para finalizar: então o senhor acredita na piscicultura paraense?
Com certeza, não tem nada melhor para a humanidade, inclusive. É a piscicultura. É uma grande saída que pode, como se diz, revolucionar o comércio de proteína animal.

Entrevista com a presidente do Sindicato Rural de Paragominas, Maxiely Scaramussa Bergamin:

Presidente, que avaliação você faz desse Dia de Campo sobre piscicultura?
Fantásticos números, né Lima, que trouxeram aqui. E a referência que hoje Paragominas é para a piscicultura no estado do Pará. O quantitativo ainda que a gente tem a crescer e um olhar tão especial agora nas licenças. Passando aí a desenvolver cada vez mais.
Então, assim, é um incentivo muito grande também da nossa prefeitura com o sindicato rural, para que esses produtores cresçam cada vez mais. E essa é a ideia, né? Cada vez o agro mais forte, cada vez mais desenvolvendo o nosso estado do Pará. E Paragominas aí está na vanguarda da piscicultura. E um dia especial só para discutir isso e um alinhamento para o crescimento.
Entrevista com o diretor-Técnico da Emater-PA, Wandenkolk Gonçalves:
Qual a avaliação o senhor faz neste Dia de Campo sobre a Piscicultura e agora também sobre esse povoamento de alevinos aqui do Rio.
É, primeiro eu queria festejar e parabenizar vocês por essa informação que vocês fazem chegar nos locais mais distantes do nosso estado e até do país. Parabéns a você e a toda a sua equipe.
Outra coisa é que Paragominas nos dá um sentimento todo especial do dever cumprido. Aqui as pessoas acreditam e fazem acontecer. Nós começamos assim. Eu tive o privilégio de começar quando fui secretário de agricultura com o polo de grãos. E é isso que você está vendo hoje.
O polo de grãos agora sendo transformado em ração animal. E essa ração animal justamente para embalar uma outra cadeia produtiva, verticalizada na região, que é a cadeia da piscicultura. 70% da ração animal vem da soja e do milho. E aqui nós temos milho e soja sobrando para fazer essa ração animal.
As empresas já começam a buscar alternativas para colocar suas plantas industriais aqui. Mas aí nós pegamos mais uma vez o Carminati, que é um cara que é um ícone nisso tudo, que resolveu investir com recursos próprios que vocês todos estão acompanhando aqui.
Num projeto de piscicultura que vai ser lançado na sexta-feira pelo governador do estado, governador Helder. O maior projeto de piscicultura do norte do país. E nós vamos buscar, como ele é um cara determinado, transformar esse projeto de piscicultura no projeto de piscicultura do maior do Brasil.
E esse pessoal que está aqui, o prefeito, o Sidney, eles acreditam. Mas eles não só ficam em acreditar, eles fazem acontecer. É assim que o Carminati fez, é assim que o Sidney fez, é assim que o pastor fez, a presidente do sindicato, a Maxiely faz. Todo mundo junto. Juntos e misturados. E juntos vamos ser cada vez mais fortes.
Não é à toa que está aqui conosco o ex-ministro da pesca Gregolin, que realmente é uma referência da área de pesca de uma maneira geral.
E eu acho que nós reunimos os nossos esforços. Nós fazemos aquilo que nós pegamos quando pegamos os Paragominas, que ninguém acreditava. Só esses loucos aqui acreditavam que era possível acontecer o que aconteceu. Então eu estou torcendo para essa loucura deles continuar, para a gente transformar essa região no maior polo de piscicultura. Aquicultura não é do norte do Brasil não, é do Brasil de uma maneira geral.

Entrevista com o prefeito de Paragominas, Sidney Rosa:
Prefeito, pode se dizer então que hoje é um dia histórico?
É um dia histórico no sentido de que, com a iniciativa do Carminati, com o nosso apoio do Governo do Estado, do ministro Gregolin, devolver aos nossos rios, principalmente o Rio Uraim, o potencial de peixe que já teve aqui quando o Juscelino abriu no meio da floresta a picada da abertura da Belém-Brasília.
É nosso dever, depois desses 65 anos de Belém-Brasília, repovoar o Rio Uraim. E aí eu quero deixar um agradecimento especial ao Zé Carminati, ao Flávio e ao Grupo Juparanã, que nos ajudou a repovoar o Lago Verde e agora 10 milhões de alevinos nos próximos dois anos no Rio Uraim. Bastando que os ribeirinhos, a população, que vai nos ajudar a vigiar, não permita a pesca de tarrafa, de rede, de arpão, para que nós tenhamos realmente a reprodução de peixe no Rio Uraim. Não é isso, Zé?”
José Carminati
“É isso mesmo. É assim que nós imaginamos que é possível fazer o sucesso. Olha o peixe, que coisa linda.
Isso aqui é criação nossa, isso aqui é o que nós queremos ver nadando ali no Rio Uraim. Mas precisa da colaboração de toda a sociedade. Nós fazemos a doação, agora o povo protege. E aí vai ser tudo resolvido.”
Wandenkolk Gonçalves
Aliás, espera aí, só pegar o nosso slogan. É um exemplo a ser seguido a todos os produtores do Pará e do Brasil como um todo. É produzir preservando e preservar produzindo. Esse é o nosso lema.
Prefeito Sidney Rosa
Então, agradecer o convite, agradecer ao Wandenkolk, que foi o deputado com resultados assim extraordinários. Eu era ministro, ele era deputado, sempre quando precisava de ações no congresso, de articulação, aprovar a nova lei da pesca e cultura, aprovação a criação.
Destacar que a minha relação com o agro é desde criança. Nasci na roça, trabalhei. Meus pais eram de Santa Catarina. Nasci em Santa Catarina, hoje moro em Rondônia, há mais de 30 anos. Também sou imigrante, descendente de italiano e tal. Fiz técnico agrícola, fiz veterinária, fiz mestrado na área de desenvolvimento rural. Fui ministro cinco anos. Desde 2010, eu não estou no governo. Fui chamado para esse processo de transição, coordenei o grupo de trabalho de transição, recriando o Ministério da Pesca, que foi criado na minha época. Como fui ministro por cinco anos, a gente conseguiu deixar, fazer muita coisa. Foi um período de criação do ministério, criação da Embrapa Pesca e Cultura, a legislação, a CONAMA 413, que desburocratiza os licenciamentos, que foi na minha época. Ficou marcada aquela passagem no trabalho ambiental.
A gente atendeu dois grandes eventos, que é o IFC Amazônia e o IFC Brasil. O IFC Amazônia em Belém, já na segunda edição, que são grandes congressos, grandes feiras de tecnologias e negócios. E também faço consultorias. Então, no setor privado, eu conheci. 45% da tilápia localizada nos rios do Brasil. Observe no Paraná, a parte da tilápia é tirada de madrugada no dia, leva de caminhão para Guarulhos e no dia seguinte já está em Miami, no supermercado. Em 48 horas ela sai.
Por Lima Rodrigues, de Paragominas – PA
Fotos: Conexão Rural
A COBERTURA DA AGROPEC 2025 TEM O PATROCÍNIO DO SINDICATO RURAL DE PARAGOMINAS, DA APROSOJA-PA, DO MERCURIO ALIMENTOS E DO PLANTÃO RURAL.
