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Tecnologia agronômica e seguro rural não são realidade para 42% dos produtores de soja, diz estudo

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Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a safra de soja para 2022/23 terá um aumento de custos de cerca de 44%. Como imprevistos acontecem, perdas podem pesar ainda mais no bolso do produtor – principalmente dos 42% que não usam seguro rural e tecnologia agronômica.

Este dado, fornecido pelo Guia da Soja, elaborado pela Climate Fieldview, pode até soar preocupante. No entanto, o estudo aponta que ambas as soluções são vistas com ótimos olhos pelos produtores.

Não só por causa do aumento de custos, mas pelo fato de ser necessário proteger a produção que promete ser recorde. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve produzir cerca de 150,36 milhões de toneladas de soja na safra 2022/23 – 92 milhões de toneladas devem ser exportadas, 22,2% em relação à safra passada.

Usado por 26% dos produtores, indenizações pagas pelo seguro rural disparam

Com o objetivo de ressarcir o contratante em caso de perdas, o seguro rural é usado por 26% dos agrônomos. Trata-se de uma apólice que indeniza o produtor no caso de sinistros relacionados ao ofício – protegendo contra condições naturais, mal funcionamento de equipamentos e oferecendo maior segurança.

Além de categorias de seguro rural privado, o próprio Governo Federal também desenvolveu programas de incentivo para proteger os agricultores, trazendo mais visibilidade para essa categoria.

Em 2022, foram pagos R$ 9 bilhões em indenizações por seguradoras – aumento em relação aos R$ 5 bilhões de 2021 e R$ 2,5 bilhões de 2020. Ou seja: apesar de ser usado por uma parcela menor, os valores só crescem.

O Governo Federal possui programas de incentivo para a agricultura – inclusive destina recursos para o seguro rural. Para 2023, a Lei Orçamentária prevê R$ 1,1 bilhão para o programa Este valor aumentou consideravelmente nos últimos anos. Em 2019, era de R$ 440 milhões e deve fechar o este ano em R$ 950 milhões. No entanto, isso não significa abrangência vasta de produtores.

Segundo José Angelo Mazzillo Júnior, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, é necessário ter maior autonomia orçamentária para o melhor uso do recurso.

“Saímos de 4,5 milhões de hectares cobertos em 2018 para mais de 14 milhões de hectares segurados em 2021, mas neste ano estamos voltando para perto de 6 milhões de hectares”, disse, em entrevista ao Valor.

Para ele, é possível tornar a política mais sustentável e, consequentemente, atender um número maior de produtores rurais.

Tecnologia agronômica é vista como principal aliada para 58% dos produtores rurais

Segundo o Guia da Soja, 42% dos produtores já usam tecnologia agronômica para não serem pegos de surpresa pelos imprevistos. No entanto, outros 16% enxergam ela como estratégica e pretendem começar a usá-la.

Não é à toa. Com o uso da tecnologia, especialistas apontam que é possível aumentar a eficiência da produção, reduzir custos operacionais, maximizar a produtividade e ainda melhorar a rentabilidade da safra.

Entre as mais utilizadas, vale destacar as imagens de satélites e os softwares que permitem a prescrição precisa de insumos. Para 58% da amostragem, trata-se da maneira mais eficiente para prever os problemas da lavoura.

Em seguida, estão as tecnologias agrícolas que podem ser usadas na fazenda: 42% dos produtores de soja priorizam o monitoramento agrícola por considerá-lo essencial para garantir maior previsibilidade da safra.

Além disso, 25% dos produtores preferem usar tecnologias relacionadas a previsões climáticas. Já 16% preferem o uso de máquinas com telemetria e 7,9% optam pelo hedge na bolsa de valores.

Com o apoio dessas e de outras tecnologias agrícolas, os produtores conseguem fazer a identificação precoce de infestações por pragas e doenças, falhas no plantio, entre outros problemas que podem atingir a produção.

Assim, eles conseguem agir com mais eficiência e agilidade para solucionar o problema, evitando que eles se agravem.

Quais as principais tecnologias agronômicas usadas pelos produtores?

Os sojicultores que devem obter os melhores resultados na safra 2022/23 são aqueles que conseguiram não só se planejar, mas também usar as tecnologias a seu favor. Mas, para usar esses recursos, o primeiro passo é conhecê-los.

Com base nos interesses indicados no Guia da Soja e no parecer dos especialistas do setor, é possível apontar pelo menos quatro grandes tendências que podem ser adotadas pelo sojicultor nas próximas safras.

  1. Monitoramento da fazenda

O monitoramento agrícola é um processo que utiliza informações georreferenciadas e imagens de satélite para obter dados e permitir a avaliação mais precisa das condições da lavoura.

Esse tipo de monitoramento é resultado dos avanços da computação para análise e interpretação de dados e imagens.

Além disso, sua eficiência também é consequência da portabilidade do Sistema de Posicionamento Global (GPS) e de outras ferramentas de comunicação, especialmente a internet.

Graças a essas tecnologias, o agricultor obtém dados mais precisos e seguros para fazer previsões climáticas, estimativas de riscos, inspeções, entre outras ações.

Além disso, todas essas informações podem ser integradas a softwares de gestão agrícola, que usam as imagens de satélite com histórico de plantio e uso do solo, entre outros dados, para acompanhar o desenvolvimento da lavoura de forma remota.

  1. Telemetria

A telemetria se refere ao conjunto de tecnologias usadas para coletar e compartilhar dados entre equipamentos que fazem operações no campo.

Com isso, além de realizar suas funções, as máquinas agrícolas, como tratores, pulverizadores e colheitadeiras, passam a coletar, armazenar e transmitir dados agrícolas de forma remota.

Para isso, são instalados dispositivos no maquinário, como sensores, que permitem a identificação da velocidade de deslocamento, consumo de combustível, distância percorrida, entre outras informações operacionais.

Com esses recursos, o produtor consegue identificar com antecedência falhas no funcionamento do maquinário. Esse diagnóstico também pode ser feito enquanto o equipamento ainda está em operação no campo.

De qualquer forma, essa identificação precoce torna a calibração e manutenção das máquinas mais eficientes e precisos. Como resultado, o sojicultor evita problemas relacionados ao mau funcionamento do maquinário.

  1. Seguro Rural

Embora não seja uma tecnologia, a contratação do seguro rural é uma tendência que veio para ficar e, portanto, merece a atenção do produtor. Esse tipo de seguro é uma ferramenta de política agrícola que garante ao produtor proteção contra prejuízos causados por problemas sanitários, instabilidade climática e oscilações do mercado agrícola.

Por isso, a contratação do seguro rural está associada a uma gestão agrícola mais assertiva, reduzindo os riscos associados à atividade e contribuindo para a estabilidade financeira do produtor.

Além disso, esse instrumento também estimula o aumento da área cultivada e o uso de tecnologias, já que atua como garantia adicional de acesso ao crédito com taxas de juros mais baixas.

Vale lembrar que qualquer pessoa física ou jurídica que cultive espécies listadas no PTSR (Plano Trienal do Seguro Rural) pode contratar o seguro rural. A contratação é feita por meio de um corretor ou através de uma das seguradoras habilitadas pelo PTSR.

  1. Outras tecnologias da Agricultura 4.0

A chamada agricultura 4.0 é se diferencia por apresentar um conjunto de tecnologias capazes de coletar e integrar dados agrícolas, otimizando a gestão da lavoura.

Também chamada de quarta revolução da agricultura, ela representa um novo período da evolução da agricultura e é caracterizada pelo uso de softwares, sistemas e equipamentos para agilizar todos os processos da fazenda, desde o plantio até a colheita.

Dessa forma, o produtor tem acesso a dados mais precisos, mapas agrícolas e diagnósticos, que facilitam a tomada de decisões sobre o manejo da lavoura. Assim, é possível reduzir os gastos com insumos e defensivos, além de melhorar a rastreabilidade e a qualidade da produção agrícola.

Como resultado, pequenos, médios e grandes produtores tornam sua gestão mais inteligente e ainda conseguem maximizar seu lucro, ganhar competitividade no mercado e aumentar a produtividade da safra.

Para isso, o produtor pode usar diversos recursos tecnológicos característicos da Agricultura 4.0, como drones, sensoriamento remoto, softwares de gestão agrícola, blockchain e equipamentos com inteligência artificial.

A utilização de todos esses recursos explica por que os sojicultores brasileiros conseguem aumentar sua produção e bater recordes de safra mesmo diante de cenários adversos.

Portanto, o produtor que também quer maximizar seus resultados pode se inspirar nesse exemplo e começar a investir em tecnologias agrícolas para otimizar a lavoura de soja.

Custos para a produção de soja crescem 44%

Segundo a Climate Fieldview, 70% dos produtores de soja se preocupam com os custos para a produção de soja. Os gastos com a produção de soja para a safra 2022/23 podem chegar a R$ 7 mil por hectare.

Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apontam que os custos dos defensivos utilizados na produção de soja aumentaram 44%. Os herbicidas apresentaram um aumento mais significativo, de 275% ante a safra passada.

Somando esses aumentos aos custos de oportunidade, como máquinas agrícolas, benfeitorias e capital circulante, os gastos na produção da soja transgênica aumentaram quase 44,6%. No caso do plantio da soja convencional, a alta foi semelhante, de aproximadamente 44,8%.

Entre os principais fatores para este aumento nos custos estão a Guerra na Ucrânia e os resquícios dos efeitos econômicos da pandemia de Covid-19, resultando na alta dos preços das commodities agrícolas. Para completar, a desvalorização do real ante ao dólar faz os custos crescerem.

Para Mauro Osaki, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), como o cenário não indica tendências de redução de preços nos próximos meses, não adianta apenas se preocupar, é importante agir.

“Os valores corrigidos de fertilizantes nos últimos meses são os maiores dos últimos 20 anos. Isso realmente deixa o setor (agrícola) preocupado. Diante disso, cada produtor precisa usar uma estratégia diferente.

Para o pesquisador, uma das alternativas para contornar o problema pode ser reduzir a quantidade fertilizantes aplicada em áreas já bem corrigidas e estabilizadas.

Para isso, a aplicação deve ser feita de forma racional, usando tecnologia e conhecimento da área agronômica. Assim, é possível reduzir o impacto do preço dos fertilizantes na produção da safra 2022/23.

Por isso, tecnologias associadas à Agricultura de Precisão e Agricultura Digital ainda são a melhor saída para que o sojicultor proteja sua margem de lucro dos efeitos negativos da alta de preços de insumos agrícolas.

ar de bem vistas, ambas as soluções ainda não são usadas por quase metade dos produtores de soja