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Seminário da Masterboi avança na rastreabilidade bovina individual

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O auditório do Frigorífico Masterboi em São Geraldo do Araguaia (PA) ficou lotado com a presença de pecuaristas, diretores da planta frigorífica, representantes de entidades parceiras e autoridades (Foto: Lima Rodrigues

Por Lima Rodrigues, de São Geraldo do Araguaia (PA), com informações da Masterboi, da Semas-PA e da Mecânica Comunicação – SP

A Masterboi, em São Geraldo do Araguaia (PA), realizou, na terça-feira (dia 18), o seminário “Rastreabilidade Individual como Ferramenta de Gestão e Conformidade”, destacando os avanços de uma iniciativa piloto que está sendo desenvolvida na região. O evento é fruto de parceria com a ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira e o apoio do Imaflora.

Mais de 100 pessoas, entre produtores rurais e funcionários das prefeituras e da iniciativa privada da região do Sudeste do Pará, participaram do encontro. Em destaque o Programa Pecuária Sustentável do Estado, que busca contribuir com a integridade e o desenvolvimento de toda a cadeia da carne no estado.

Lançado na Conferência do Clima das Nações, realizada em Dubai em 2023 (COP 28), trata-se da maior iniciativa de rastreabilidade bovina individual do Brasil. O programa é estruturado na rastreabilidade, integridade e agregação de valor, além de estabelecer que o rebanho bovino em trânsito deve ser identificado individualmente com dois brincos: um visual e outro um boton eletrônico, até dezembro de 2025. Todo rebanho bovino e bubalino do Estado, até dezembro de 2026.

Em São Geraldo do Araguaia, o frigorífico desenvolve um projeto piloto de rastreabilidade bovina individual, contribuindo com os objetivos do programa estadual. O município tem cerca de 363 mil cabeças bovinas.

O Governo do Pará tem como meta ter todo o rebanho bovino rastreado até 2026. O plano foi anunciado em 2023, como iniciativa de destaque para a Conferência do Clima de 2025, que acontecerá em Belém.

 AGRADECIMENTO

No primeiro dia do evento, os produtores fornecedores de carne, ouviram explicações sobre rastreabilidade e tiraram dúvidas sobre o programa do Governo do Pará, que torna obrigatória a identificação individual de todos os bovinos. No dia seguinte (19) os pecuaristas visitaram duas fazendas da região e se apropriaram de ferramentas de gestão do rebanho.

O seminário foi aberto com as palavras de agradecimento do diretor administrativo do Grupo Masterboi, Miguel Zaidan. “É uma honra receber todos aqui – pecuaristas, que são nossos parceiros de primeira ordem, autoridades e representantes de entidades parceiras e nossos colaboradores – para discutirmos os detalhes do programa de rastreabilidade de bovinos. Em nome do presidente do Grupo Masterboi, Nelson Bezerra, saúdo todos vocês, especialmente os pecuaristas, porque sem eles nada acontece, são nossos parceiros em primeira ordem, sem dúvida, e que vocês possam aproveitar bem o evento e tirar suas dúvidas. Nós começamos a investir no Pará em 2007 e em 2015 inauguramos esta unidade de São Geraldo do Araguaia, por escolha pessoal do presidente Nelson Bezerra, por acreditarmos na pecuária do Pará e por isso unimos forças para fazer uma rastreabilidade com o propósito de desenvolver uma pecuária ainda mais sustentável no estado. Nós já fazemos a rastreabilidade com georrefereciamento, atendemos 11 critérios com base no Protocolo Boi na Linha, que trata da Amazônia Legal. Estamos contribuindo para fortalecer a pecuária sustentável do Pará. Só em 2024, na unidade do Masterboi em São Geral do Araguaia, foram mais de 280 mil bois e garrotes rastreados, ou seja, já fazemos isso e muito bem feito com 100% de conformidade, abraçando forças e apresentando tecnologia”, afirmou Miguel Zaidan.

Miguel Zaidan – Diretor Administrativo do Grupo Masterboi (Foto: Nicole Matos – Amigos da Terra – Amazônia Brasileira)

“O Protocolo Boi na Linha é uma articulação voltada para fortalecer o compromisso socioambiental na cadeia de valor da carne bovina na Amazônia e impulsionar sua implementação. Criado em 2019, por iniciativa do Imaflora, em parceria com o Ministério Público Federal, o Boi na Linha reconhece a complexidade do setor e busca acelerar a implementação dos compromissos assumidos pela cadeia bovina na Amazônia e incentivar uma cadeia livre de irregularidades socioambientais”, segundo destaca o portal boinalinha.org.

COMPROMISSO COM O SETOR

O diretor administrativo do Grupo Masterboi, Miguel Zaidan, destacou o compromisso do Grupo Masterboi com o setor pecuário. “Nós, enquanto empresa, renovamos o compromisso com o setor pecuário. Estamos do lado deles. Nos reunimos em uma aliança com os três setores: o Governo do Estado do Pará, que demonstrou ter atendido nosso chamamento com muita força, mobilizando agências de Defesa – de Marabá e de São Geraldo, com a presença do diretor-geral da Adepará, Jamir Macedo, e o secretário estadual de Meio Ambiente, Raul Protázio. E o segundo setor: Masterboi, que representa a iniciativa privada, juntamente com os produtores rurais, porque sem eles não fazemos nada. E o terceiro setor que são as associações de classe, as Organizações Não Governamentais e só entram conosco da porteira para dentro as ONGs responsáveis, que estão devidamente engajadas com o nosso propósito de desenvolver uma pecuária ainda mais sustentável no estado do Pará”, destacou Miguel Zaidan, ressaltando o objetivo do encontro. “O seminário teve como objetivo trazer massa crítica, conhecimento e tecnologia para contribuir e apoiar o pecuarista nos desafios impostos, não por nós, mas pelo governo, mas nós estamos do lado deles, porque sem não somos ninguém”.

A Head de ESG e Compliance da Masterboi, Sandra Catchpole, também agradeceu a presença de todos, o empenho da equipe organizadora e desejou sucesso aos participantes.

 PALESTRAS

Em seguida, Francisco Victer, da Aliança Paraense pela Carne, falou sobre as iniciativas de rastreabilidade individual no estado sob a ótica da indústria da carne. “Quero aqui parabenizar a diretoria do Masterboi e todos os participantes deste seminário. A rastreabilidade já é uma realidade no Brasil e no mundo”, disse ele.

Francisco Victer, da Aliança Paraense pela Carne (Foto: Lima Rodrigues)

Jamir Macedo, diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ), apresentou o Sistema Oficial de Rastreabilidade Individual Bovídea do Pará (SRBIPA).

Raul Protázio, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS), falou sobre o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária de Bovídeos Paraenses e a Reintegração de Produtores.

Vasco Picchi, da SafeTrace, apresentou o aplicativo Conecta, uma ferramenta para gestão estratégica na fazenda.

Pedro Burnier, diretor do Programa de Cadeias Agropecuárias na Amigos da Terra, apresentou o projeto piloto de rastreabilidade individual de bovinos no Pará.

Thiago Wiltzler, da SBCert, falou sobre o Protocolo de Rastreabilidade Individual e Monitoramento de Indiretos (PRIMI).

PROJETO PILOTO

No seminário em São Geraldo do Araguaia, também foram apresentados os resultados da iniciativa Piloto de Rastreabilidade Individual no Pará, que é financiada pelo programa Al-Invest Verde e pelo fundo Bezos e já beneficiou 14 produtores rurais apoiando a brincagem dos animais. No total, a iniciativa já brincou mais de 3.000 bovinos e até o final do ano, a expectativa é que mais de 150 produtores rurais sejam contemplados e que 101 mil animais sejam beneficiados e recebam os itens que fornecem uma identidade única aos bovinos, monitorando do nascimento até o abate, garantindo controle de origem.

A Head de ESG e Compliance da Masterboi, Sandra Catchpole, é uma defensora do projeto de brincagem como parte das políticas contemporâneas dos frigoríficos. “No longo prazo, a rastreabilidade do rebanho beneficia fornecedores em todos os níveis, o frigorífico e oferece uma garantia a clientes e consumidores”, avalia Sandra Catchpole.

“Considerando as demandas atuais do mercado o Brasil precisará, em um curto espaço de tempo, promover melhorias e modernização dos sistemas existentes e implementar novos instrumentos capazes de atestar a rastreabilidade socioambiental de seus rebanhos”, destaca Pedro Burnier, diretor do Programa de Cadeias Agropecuárias da Amigos da Terra (AdT).

“Em 2024, a pecuária nacional teve grandes avanços, com o lançamento do sistema de rastreabilidade do Pará, o anúncio do Plano Nacional de Rastreabilidade do governo federal e os primeiros acenos para sua integração na plataforma de cadastro positivo AgroBrasil +Sustentável. O engajamento do setor é um grande passo para manter competitividade em um mercado cada vez mais exigente quanto à sustentabilidade dos produtos que consome”, afirma Marina Guyot, gerente de Políticas Públicas do Imaflora. O apoio do Instituto se dá por meio do fundo Bezos Earth, que ambiciona implementar no estado o maior programa de rastreabilidade de rebanho do mundo.

SEMAS E ADEPARÁ

Um dos destaques apresentados pelo Executivo Estadual foi a rastreabilidade individual do rebanho paraense. O Diretor Geral da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Jamir Macedo, apresentou os detalhes de como funciona o trabalho, que consiste na aplicação de um brinco visual em uma orelha do animal e na outra orelha um brinco eletrônico. Após isso, os dados dos animais identificados são inseridos no Sistema de Gestão Agropecuário da Adepará, o Sigeagro 2.0. Atualmente, já são mais de 3,2 mil animais entre bovinos e bubalinos inseridos no sistema.

“A Adepará tem quase 200 operadores da rastreabilidade, o OPR, em atividade já cadastrados. Nosso time, e equipe técnica, vem realizando treinamentos com o Sigeagro 2.0 e já foram inseridos no sistema 3.225 animais entre bovinos e bubalinos. Inclusive a versão do aplicativo do Sigeagro para Android encontra-se disponível. Nós já estamos com quatro regionais treinadas para utilizar o sistema de rastreabilidade e vamos avançar nas outras regionais,” informou Jamir Macedo.

Jamir Macedo, Diretor Geral da Adepará (Foto: Nicole Matos – Amigos da Terra – Amazônia Brasileira)

Requalificação comercial

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Raul Protazio Romão, apresentou o programa de Requalificação Comercial, que integra as ações do programa Pecuária Sustentável, e destacou a relevância da política pública para o setor.

Raul Protázio, Secretário Estadual de Meio Ambiente do Pará (Foto: Ricardo Santana – Imaflora)

“A requalificação comercial é uma política pública importante para nós pois temos clareza de que para atingirmos os nossos objetivos não podemos deixar ninguém para trás e é sob essa perspectiva que estamos avançando. Já são 38,2 mil hectares de terras requalificados e 3,3 mil hectares isolados e devemos, muito em breve, intensificar o engajamento do programa nos municípios com o apoio de sindicatos e organizações locais, para alcançarmos mais produtores”, explicou o secretário.

Prevista no TAC da carne, celebrado em 2014 por entidades ligadas à produção rural e o Ministério Público Federal (MPF), a requalificação comercial permite o retorno de produtores rurais ao mercado formal da carne. Para isso, os produtores devem, além de possuir o Cadastro Ambiental Rural, comprovar o isolamento da área desmatada após 22 de julho de 2008, permitindo o início do processo de regeneração da floresta. No Programa de Requalificação, o processo é 100% digital, permitindo que o produtor acompanhe o andamento da sua solicitação.

Após a comprovação do isolamento da área desmatada, o produtor será considerado apto à comercialização da carne. Porém, caso seja detectada a interrupção do processo de regeneração, novo desmatamento ou a não adesão ao PRA, a Certidão de Adequação Ambiental será cancelada e o produtor não poderá mais utilizar os sistemas. (Com informações de Igor Nascimento – SEMAS-PA)

REPERCUSSÃO

Após as palestras autoridades e pecuaristas falaram sobre a importância do evento na Masterboi em São Geraldo do Araguaia.

“Esse evento é de grande importância para São Geraldo do Araguaia e para o Estado do Pará como um todo, porque os pecuaristas tiveram a oportunidade de obter informações importantes a respeito da rastreabilidade. A qualidade do gado precisa realmente ser conduzida com critério, com organização e com o apoio do governo. E nesse momento estamos tendo o apoio do Masterboi, esta indústria que está há muitos anos instalada aqui no Pará e vai sem dúvida alguma nos ajudar nesse novo mundo da rastreabilidade. Então, foi uma satisfação ter esta oportunidade de ouvir palestras maravilhosas”, comentou o pecuarista pioneiro na região Walter Garcia, que começou a investir na pecuária de São Geraldo do Araguaia em 1975.

O pecuarista Walter Garcia sendo cumprimentado pela Head de ESG e Compliance da Masterboi, Sandra Catchpole (Foto: Lima Rodrigues)

“Evento muito bom. A Masterboi conseguiu reunir um número significativo de produtores e é um momento importante para esclarecer para os produtores rurais as informações e as dúvidas com relação ao Programa de Rastreabilidade Individual de Bovinos do Estado do Pará e esse programa piloto que estamos promovendo junto com o Masterboi, exatamente, para que o produtor possa identificar o seu animal e ter a cadeia rastreada até o bezerro. Então, é um momento de tirar dúvidas e de também dar mais confiança para o pecuarista de que o sistema do governo vai funcionar”, afirmou Pedro Burnier, diretor do Programa de Cadeias Agropecuárias na Amigos da Terra.

Pedro Burnier, diretor do Programa de Cadeias Agropecuárias na Amigos da Terra (Foto: Nicole Matos – Amigos da Terra – Amazônia Brasileira)

“Gostei muito do evento. Aderi ao programa de rastreabilidade de bovinos  porque ele é muito importante. O programa traz bons resultados para o gado rastreado”, destacou o pecuarista João Evaristo, de São Geraldo do Araguaia.

Produtores rurais beneficiados com o Protocolo de Rastreabilidade Individual e Monitoramento de Indiretos (PRIMI), João Evaristo e Robson Menezes, de São Geraldo do Araguaia (Foto: Nicole Matos – Amigos da Terra – Amazônia Brasileira)

“Eu resolvi aderir a esse programa, porque na minha visão ele melhora a vida do produtor rural. O gado rastreado mostra que a propriedade é livre de desmatamento e de trabalho escravo”, ressaltou o pecuarista Robson Menezes, também de São Geraldo do Araguaia.

“É muito bom esse programa de rastreabilidade. Vamos aderir ao programa porque é bom para o município, para o estado e para o país. Será muito bom para todo mundo. Com o programa podemos organizar melhor a fazenda e o rebanho”, afirmou o pecuarista Sinval Moreira Alves, Fazenda Joventina, de São Geraldo do Araguaia.

“Acho de suma importância o programa de rastreabilidade. É importante para melhorar o controle interno da fazenda e o controle dos índices zootécnicos e de desempenho. Ele é fundamental para o pecuarista moderno, que esteja antenado com a pecuária moderna e quer focar nos seus índices de desempenho. Isto é uma ferramenta fantástica que o mercado traz para a gente para melhorarmos cada vez mais a nossa produção. Então, com a rastreabilidade a gente espera atender às exigências de novos mercados. É muito interessante”, declarou Renato Pontes, da Fazenda Itaipavas, de Piçarra (PA).

 “A rastreabilidade veio para ficar. É uma demanda mundial. Então, o pecuarista deve aderir ao programa porque só vai fazer benefícios para todos nós, para toda a cadeia, tanto do couro como da carne, e para o próprio pecuarista que terá um mercado, provavelmente, mais amplo para poder comercializar seu produto. Então, acho que é um projeto que vem para contribuir e ter sequência, porque o mundo hoje está querendo saber de onde está comendo, o que está comendo e como feita a comida. Então, tudo isso é muito bom”, afirmou o pecuarista Gilberto Matos de Brito, Fazenda Palmar, São Geraldo do Araguaia.

“Quero aqui parabenizar o frigorífico Masterboi por dar esse primeiro passo e também ao governo do estado do Pará por estar buscando a rastreabilidade, porque o mundo julga muita a pecuária paraense e o pecuarista paraense. Estamos dando o primeiro passo para mostrar para o mundo que o Pará produz com qualidade e preservação do meio ambiente. Não só o pecuarista ganha com o programa de rastreabilidade, mas o consumidor final também, porque o consumidor saberá a origem da sua carne e alimentação que está levando para sua mesa e para sua família. Então, é muito importante. O pecuarista e o estado como um todo ganha com isso”, declarou o pecuarista Luiz Carlos da Silva Pereira, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Piçarra (PA).

BRINCAGEM

Na quarta-feira (19), os pecuaristas, autoridades e representantes de entidades que participam do programa de rastreabilidade no Pará visitaram pela manhã a Fazenda Trapolim, do pecuarista Walter Garcia, e à tarde a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, da pecuarista Valdirene Rodrigues, ambas no município de São Geraldo do Araguaia, quando tiveram a oportunidade de conhecer – in loco – os detalhes da brincagem nos animais e mais explicações sobre o Protocolo de Rastreabilidade Individual e Monitoramento de Indiretos (PRIMI).

Bois brincados na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, da pecuarista Valdirene Rodrigues, em São Geraldo do Araguaia-PA (Foto: Nicole Matos – Amigos da Terra – Amazônia Brasileira)

A COBERTURA DO SEMINÁRIO SOBRE RASTREABILIDADE EM SÃO GERALDO DO ARAGUAIA (PA) TEVE O PATROCÍNIO DO FRIGORÍFICO MASTERBOI E O APOIO DO IMAFLORA.