Os produtores rurais dispõem de um mercado mundial de US$ 35 bilhões em cima da mesa, com crescimento de 8 a 10% ao ano. É essa a principal informação que o presidente do Instituto Brasileiro de Feijões, Pulses e Colheitas Especiais (Ibrafe), Marcelo Lüders, repassa aos participantes da AgroBrasília 2023. “Tem um veio de ouro aí, tem dinheiro na mesa”, aposta.
Ele se refere ao mercado de pulses, formado por leguminosas secas, como lentilhas, ervilhas, grão-de-bico e feijões, e de colheitas especiais, como gergelim, chia, amendoim, linhaça, milho-branco. Na sua visão, são essas cultivares que vão atender à demanda da população que busca alternativas à proteína animal. “Temos dois grandes mercados mundiais que nos interessam muito batendo na nossa porta: o mercado indiano e o mercado chinês, cada um com 1,4 bilhão de pessoas.”
Marcelo Lüders foi um dos palestrantes do workshop promovido nesta quinta-feira (25), no chamado Pulse Day, promovido pela AgroBrasília. Em um campo demonstrativo de sete mil m2, montado pela LC Sementes no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, produtores, técnicos, empresários e visitantes da AgroBrasília puderam conhecer 44 cultivares, como os feijões mungo-verde, bamboo, red bamboo, dark red kidney, cranberry e caupi.
“Todos esses feijões têm condições de dar um bom resultado para o produtor. Não só no mercado externo. Nós temos um mercado no Brasil de 200 milhões de pessoas que hoje têm poucas alternativas. São, basicamente, o feijão carioca, que corresponde a 60% da oferta e do consumo, um pouco de feijão preto, vermelho e rajado”, exemplifica Lüders.
Novas cultivares, como o feijão-caupi, entregam “uma proteína tão boa quanto qualquer outro feijão e têm um ciclo menor, além de menor demanda por defensivos e fertilizantes. Consequentemente, têm um custo menor. Com maior investimento em pesquisas, vamos aumentar a produtividade e, com isso, conseguir oferecer ao consumidor brasileiro um preço justo, onde o produtor e o consumidor ganham”, antevê o presidente do Ibrafe.
Outro benefício de investir no mercado de pulses para o produtor é que essas culturas têm uma necessidade hídrica menor e oferecem menos riscos numa segunda safra. O CEO da LC Sementes, Leandro Lodea, analisa que, “tradicionalmente, a gente planta soja e, na segunda safra, milho, que tem uma exigência hídrica grande e não pode fugir da janela ideal de plantio. A alternativa seria plantar o milho na janela ideal e depois, no restante da área, plantar essas outras culturas, que têm investimento e risco menores. Assim, o agricultor acaba tendo uma lucratividade melhor”. Como exemplos de culturas com menor necessidade de água, o feijão-caupi e o gergelim.
Outra vantagem, destacada pelo empresário, são as condições climáticas e de solo ideias para o cultivo de pulses e culturas especiais no Brasil. Além de um potencial enorme de crescimento. “Hoje, não respondemos nem por 3% desse mercado mundial. Estamos como que na barriga da mãe no negócio de pulses e cultivos especiais.”
Países conheceram campo de pulses
Feijão rajado, preto e carioca são encontrados com facilidade nas prateleiras dos supermercados e estão no dia a dia dos brasileiros. Mas há variedades como mungo-verde, bamboo, red bamboo, dark red kidney, cranberry e caupi, que são menos conhecidas do consumidor, mas interessam e muito aos compradores externos, que veem nesses produtos uma importante fonte de vitaminas e nutrientes.
Aproximar esses produtos e seus produtores dos compradores no exterior foi o objetivo da visita de embaixadores e representantes diplomáticos de 41 países e blocos econômicos ao campo de pulses na AgroBrasília, nesta quarta-feira (24), quando participaram do tradicional Dia Internacional da Feira.