*Por Paulo Portilho, CEO da Auster Nutrição Animal
O ano tem exigido muito jogo de cintura das empresas. Até o momento, 2024 é marcado pela instabilidade, principalmente em relação ao comportamento dos juros, da inflação e do câmbio. A inflação é uma ameaça constante, impactando diretamente os custos de produção de todas as proteínas animais. Se é ruim por um lado, a desvalorização do real frente ao dólar proporciona terreno fértil para os setores exportadores, como as carnes bovinas e de frangos. Está aí o ponto positivo para o setor produtivo até aqui.
Claro que não se pode analisar a situação do Brasil isoladamente, é preciso colocar nessa conta os desafios da geopolítica mundial. O número de conflitos vem crescendo no mundo, , além de tensões em várias regiões do planeta – da América do Sul à Ásia. Vivemos num mundo globalizado, tudo impacta a economia (local ou mundial), prejudicando o planejamento dos negócios a médio prazo, e esse cenário atinge em cheio as atividades animais pois a produção de proteína animal é uma atividade de ciclo longo.
Internamente nossa dor é diferente, nosso principal desafio reside nas contas públicas, que atraem o olhar apurado dos especialistas há tempos. Como sabemos muito bem, tanto em nossas empresas como em casa, não é muito inteligente gastar mais do que entra de receita. Interessante avaliar, se não fosse trágica, a arrecadação pública nunca foi tão elevada, porém o déficit continua batendo recordes. Essa dinâmica financeira explica, em última análise, a dificuldade do combate à inflação e a taxa Selic acima de 10% ao ano.
Esse cenário trabalha contra a economia de mercado e impede indústrias de insumos, como nós, agroindústria e produtores, de investir com planejamento.
Por fim, o vaivém das commodities agrícolas também é determinante para a produção de proteína animal. Os maiores custos das propriedades de aves e suínos, por exemplo, são milho e soja. A dinâmica desses insumos foi de aumento de preços desde 2017, com intensidade no pré, durante e pós-pandemia. Essa tendência de alta vem perdendo força nos últimos dois anos e a expectativa é que siga em queda, com vários motivos, incluindo o contínuo aumento da produtividade agrícola, bem como elevados estoques e posições futuras se desfazendo de milho entre produtores, traders e cooperativas, com grande influência também dos juros mais altos nos países desenvolvidos.
Com essa volatilidade, a nutrição dos animais ganha ainda mais importância, uma vez que é preciso focar na eficiência e no desempenho, olhando com atenção para os custos, as exportações e o consumo interno.
Estamos provavelmente vivendo um momento de inflexão no mundo. Mudanças geopolíticas, mudanças nos mercados de capital e juros mais elevados, e mudanças nas razões de troca entre os preços agrícolas sugerem isso.
Com essa volatilidade, a nutrição dos animais ganha ainda mais importância, uma vez que é preciso focar na eficiência e no desempenho, olhando com atenção para os custos, as exportações e o consumo interno.
Nesse cenário, não é fácil – nem inteligente – arriscar dizer o que virá pela frente, mesmo a curto prazo. Em nível global, caso haja diminuição nas tensões e arrefecimento dos conflitos, devemos ter ligeira queda nos custos – especialmente das matérias-primas essenciais para a nutrição de aves, suínos, bovinos e peixes. Quanto às exportações, em que pese as adversidades, as perspectivas são positivas de fechar o ano com bons resultados.
Nesse cenário complexo, seguimos cumprindo a missão de otimizar a eficiência na produção por meio de soluções modernas e prestação de serviços. Nos debruçando sobre as oportunidades, estamos investindo em várias frentes. Uma delas é entender como podemos incrementar o uso do Dried Distillers Grains with Solubles (DDGS) por exemplo, derivado da produção de etanol de milho, para potencializar o retorno econômico da produção animal.
Claro que cada caso é um caso. Temos como missão entender as diferentes realidades produtivas entre as propriedades, ajustar o processo produtivo e fazer isso como uma equipe com profissionais especializados, aplicando ferramentas nos sistemas de produção de aves, suínos e bovinos leiteiros, para elevar sua rentabilidade, contribuir para a alimentação da população mundial em crescimento, além de promover a lucratividade dos produtores.
Enfim, quem sobrevive é quem melhor se adapta, nesses dias incertos temos que focar ainda mais na eficiência produtiva e manter olhos abertos para as novas condições do mundo e do mercado. Quem ficar olhando para trás pode não sobreviver…
Isadora Fabris – Texto Comunicação Corporativa- SP |