
Ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre Silveira e Celso Sabino, além do governador do Pará, Helder Barbalho, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, participaram do evento em Belém (PA)
Belém (PA), outubro de 2025 – O legado da COP30 para a Amazônia, o papel estratégico do Brasil na transição energética global e as preocupações com os impactos ambientais de novas tecnologias como a IA (Inteligência Artificial) foram temas centrais do Fórum Esfera Internacional, que reuniu autoridades públicas e líderes empresariais no lendário Theatro da Paz, em Belém (PA), na sexta-feira (10). O evento antecipou discussões em pauta na cúpula global do clima, que acontecerá em novembro na capital paraense, e que projeta o Brasil como protagonista da agenda ambiental global. Durante o Fórum, o governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que a escolha de Belém para sediar o evento é singular por estar situada “na atmosfera da floresta, na atmosfera amazônica”, depois de edições sediadas em países “que têm a sua economia oriunda da captura de combustíveis fósseis, portanto, absolutamente antagônicas à agenda da sustentabilidade”. Ao comentar a preparação da cidade, Barbalho disse que, apesar dos desafios urbanos, é “perceptível” o avanço de obras e equipamentos e projetou um legado ambiental duradouro. O plano pós-COP, segundo o governador, passa por transformar biodiversidade em negócios sustentáveis. Barbalho citou o Parque de Bioeconomia da Amazônia e falou em erguer um “vale de biotecnologia” local. “Que nós possamos, em vez de usar chips, usar as nossas essências, as nossas plantas, a riqueza da floresta”, disse. Já o prefeito de Belém, Igor Normando, afirma que a COP é pensada para além do evento em si. “É o início de uma nova era para nossa economia e para o povo amazônico.” O crime organizado também foi tema de debate pelo ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), que defendeu um modelo global e integrado de combate ao que chamou de “fenômeno transnacional”, comparável ao aquecimento global e às pandemias. O ministro destacou três frentes complementares: cooperação internacional (Interpol, Europol, Ameripol e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia), integração federativa (PEC das polícias) e uso intensivo de inteligência e tecnologia. Já o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, explicou que a COP30 já opera em regime integrado, em modelo análogo ao implementado para reuniões do G20 e Olimpíadas, além de queda de 63% nos alertas de queimadas na Amazônia frente a 2024, uso de satélites e aeronaves e programas como o Ouro Alvo, que auxilia na rastreabilidade do metal garimpado na região. Para o presidente do Conselho da Esfera Brasil, João Camargo, o papel do Fórum é entender a Amazônia como ela é: “o povo, as dificuldades e as oportunidades”. “Quem quiser falar de preservação precisa vir aqui, ver de perto, sentir a floresta e entender o que é viver na Amazônia.” Na área de infraestrutura, o CEO da Aegea Saneamento, Radamés Casseb, citou o contrato da empresa com o governo do Pará como um dos legados mais relevantes da conferência, pois já inicia com 30% da população atendida por tarifa social. Casseb lembrou que o saneamento é um pilar essencial da sustentabilidade e da dignidade humana. “Nada é mais importante para o ecossistema do que o saneamento. Ainda há 100 milhões de brasileiros sem esgoto tratado e 40 milhões sem água potável contínua.” O turismo também é fundamental para manter a floresta em pé e garantir prosperidade, segundo o ministro do Turismo, Celso Sabino, que anunciou durante o evento a meta de 10 milhões de turistas estrangeiros até o fim de 2025, antecipando em três anos o objetivo inicial. “O Brasil nunca ultrapassou 6,8 milhões em um ano. Já chegamos a 7 milhões e devemos superar 10 milhões até dezembro, um marco histórico.” A digitalização da economia e a ascensão da inteligência artificial também representam importantes desafios, segundo os painelistas. A necessidade de se conciliar a alta demanda energética dos data centers que atendem empresas de IA com a busca por uma matriz energética limpa foi apontada como tendência relevante. Durante painel, a vice-presidente de Desenvolvimento da Visa, Vanessa Antunes Rodrigues, alertou sobre o custo energético da nova onda tecnológica. “A inteligência artificial trará ganhos imensos de produtividade, mas também um consumo energético exponencial”, disse. Para a executiva, o futuro da inovação combina tecnologia, propósito e colaboração intersetorial. “A economia digital precisa ser também uma economia sustentável. Inovar é encontrar formas de gerar valor para pessoas e para o planeta, de forma duradoura.” Conectando a agenda digital à infraestrutura, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a posição do Brasil na disputa por data centers e a vantagem competitiva oferecida pela energia renovável, farta no país. “As maiores companhias do mundo já exigem que seus data centers estejam conectados a matrizes renováveis. O Brasil reúne potencial, estabilidade e segurança energética para atrair esses investimentos estratégicos.” Silveira anunciou que o governo federal pretende realizar, no início de 2026, o primeiro leilão exclusivo de baterias de armazenamento de energia elétrica do país, com demanda prevista de 2 GW (gigawatts). O objetivo é contratar projetos em larga escala para armazenar energia de fontes intermitentes (solar e eólica) e liberá-la nos picos de consumo, equilibrando o SIN (Sistema Interligado Nacional). Do lado da governança, o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius de Carvalho, afirmou que a IA será “central em todas as agendas do Estado” e já gera resultados com o Alice, software que analisa licitações e identifica inconsistências. “Economizamos R$ 1,25 bilhão só no último ano usando IA.” Carvalho conectou corrupção no setor público, crime organizado e crime ambiental a um mesmo fenômeno, defendendo o uso de tecnologia para agir “na raiz”. “O crime organizado tenta assinar contratos com o poder público, e isso passa por corrupção. Precisamos de instrumentos tecnológicos para antecipar e bloquear essas práticas.” No palco do Theatro da Paz, a jornalista Renata Varandas recebeu o cofundador da Cufa (Central Única das Favelas), Preto Zezé, que apontou a necessidade de incluir as populações das favelas e periferias, que são as mais afetadas pelas mudanças climáticas, nas discussões que orientam os grandes fóruns internacionais. “É difícil discutir saídas sem a presença de quem vive o problema na mesa. O planeta é um só. A crise ambiental vai atingir o campo de golfe e o barraco.” Sobre a Esfera BrasilA Esfera Brasil é uma organização criada para fomentar o pensamento e o diálogo sobre o Brasil e um think tank independente e apartidário que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Nosso objetivo é gerar debates que permitam a construção de um país melhor por meio da promoção de diálogo entre empresas, governos e instituições para busca de soluções viáveis para as principais barreiras de desenvolvimento do país. Desde a fundação em 2021 por João Camargo, hoje presidente do Conselho, o grupo organizou encontros com diversas autoridades, entre elas ministros, governadores, prefeitos, os presidentes da Câmara e do Senado, do Banco Central, do BNDES e dos principais partidos políticos do Brasil. A CEO da Esfera Brasil é Camila Funaro Camargo Dantas. Para informações à imprensa: |