
Gigante asiático tem voltado a enfrentar problemas de excesso de oferta de proteínas, com as autoridades chinesas já anunciando medidas para enfrentar os desafios vigentes.

O Ministério da Agricultura e de Assuntos Rurais da China divulgou recentemente os números referentes à produção local de proteínas animais no 2º trimestre do ano corrente, consolidando um novo recorde para a produção chinesa total de carnes do 1º semestre. O resultado foi fundamentalmente impulsionado pela oferta recorde de carne bovina e principalmente de aves, que chegaram a 3,42 e 12,7 milhões de toneladas produzidas na primeira metade do ano, respectivamente. Apesar de a produção local de cortes ovinos seguir em queda, a proteína suína retomou uma trajetória de alta no período, e por ser a mais abundante no mercado chinês, acabou reforçando o incremento observado na oferta de carnes. Na prática, mais de 60% do aumento na produção chinesa de carnes do período foi impulsionado pelas carnes de aves, com outros 30% sendo de carne suína e apenas 10% sendo da carne bovina, que se manteve razoavelmente dentro do padrão de avanço nominal para o 1º semestre:


O excesso de oferta já é um risco conhecido do mercado chinês de carnes, em especial no segmento suinícola, que mesmo operando sob um teto mais rígido de retenção de matrizes tem voltado a registrar avanços na produção e quedas nas cotações pagas aos produtores, levando as autoridades chinesas a anunciarem há alguns dias que enrijecerão ainda mais a regulamentação para evitar novas baixas nos preços. Na prática, o 1º semestre foi desafiador para a suinocultura chinesa, mas o aperto no controle da oferta é uma indicação favorável ao reequilíbrio do maior mercado de suínos do mundo. O principal desafio talvez esteja centrado na indústria avícola da China, que também tem experienciado baixas nos preços ao produtor local e foi o grande destaque de avanço da produção. O desafio de regulamentação da oferta de aves é maior em função da maior fragmentação do setor, portanto o resultado recorde somado à baixa nos preços evidencia que o excesso de oferta de produtos avícolas pode persistir por mais algum tempo no mercado chinês. Esse quadro também pode ser parte da explicação da demora na retomada das importações locais de frango brasileiro, que permanecem suspensas mesmo após a recuperação do status de livre de gripe aviária em operações comerciais por parte do Brasil, uma estratégia que pode estar sendo influenciada em alguma medida por essa conjuntura doméstica, além das preocupações em relação ao foco da doença registrado em Montenegro – RS há alguns meses.
Apesar do recorde na produção, a carne bovina foi a única que destoou e teve um primeiro semestre marcado por recuperação nos preços locais aos produtores. Se somadas as importações para a avaliação da disponibilidade total da proteína na China no 1º semestre, percebe-se que a oferta total permaneceu estável ante igual período de 2024, o que junto dos preços em ascensão, sugere que o consumo de carne bovina da população chinesa segue crescendo. Há ainda uma percepção de que a produção avançou em grande medida por conta dos desafios do segmento leiteiro local, que segue reduzindo seu ritmo de crescimento da oferta e descartando volumes substanciais de matrizes no mercado, naturalmente impulsionando a produção de carne bovina. Registrando a primeira alta das importações de carne bovina do ano em junho, o quadro sugere que a pressão por uma regulamentação mais dura sobre as importações da proteína como resultado da investigação de salvaguarda em curso sobre as compras externas locais de cortes bovinos está se reduzindo. Diante disso, é possível que a investigação que hoje representa um grande risco às exportações brasileiras de carne bovina acabe resultando em surpresas positivas, que podem ir desde uma taxação considerada baixa até ao estabelecimento de uma cota elevada e não exclusiva de importações, exemplos que, na prática, reforçariam a competitividade da carne bovina brasileira nas remessas à China e aumentam as expectativas de uma recuperação nas compras externas do gigante asiático no 2º semestre.


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