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Coluna do Lima Rodrigues – Desenvolvimento sustentável na Amazônia requer uma política de estado

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A Amazônia está no centro dos debates quando se trata de mudanças climáticas. Por sua importância para o Brasil e para o mundo, os especialistas participantes do BW Especial – Desenvolvimento Sustentável na Amazônia, avaliaram que é essencial a criação de uma política de estado para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, contribuindo para valorizar os povos originários, a comunidade local, os serviços ambientais, a bioeconomia, e preservar o bioma amazônico.

“A Amazônia é o nosso grande ativo para liderarmos a transição para uma economia de baixo carbono”, pontuou Raul Jungmann, diretor presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), no evento promovido pelo Movimento BW, uma iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), no dia 8 de dezembro.

Em sua análise, seria possível adotar um projeto semelhante ao do Cerrado brasileiro, onde foram aplicados conhecimento, ciência e tecnologia, com mecanismos de financiamento e suporte público e privado. “O investimento estaria focado em serviços ambientais, bioeconomia, conhecimento do ciclo da natureza e sequestro de carbono. Mas, não é possível replicar o que é feito em grandes centros industriais e de serviços, pois a Amazônia tem um bioma que não se adequa a certas atividades”, explicou Jungmann, que enfatizou que o Brasil precisa se organizar nessa questão, caso contrário os ciclos de pobreza e criminalidade na região continuarão.

Ambiente institucional seguro

Nesse sentido, Tulio Dias Brito, diretor de Sustentabilidade do Conglomerado Alfa e da Agropalma e membro do Comitê de Sustentabilidade da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), ponderou que são necessários na Amazônia um ambiente institucional seguro, para atrair investimentos, e uma infraestrutura adequada à região, ou seja, atendendo não apenas grandes empresas, mas também comunidades locais e povos originários, que são importantes para manter a floresta. “Quando as legislações e regras são aplicadas e as instituições são respeitadas o investidor de alto nível de integridade se sente atraído”, pontuou.

De acordo com Nelson Al Assal Filho, diretor de Normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é preciso ter um ambiente onde haja confiança e um novo modelo econômico, social e ambiental para envolver a Amazônia. “É a maior usina de ativos e serviços ambientais do mundo, impactando nosso país e o planeta. O centro-sul do Brasil deveria ser um deserto, mas a influência da Amazônia promove chuvas constantes na região”.

Na avaliação de Monica Saraiva Panik, diretora da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), mentora da SAE Brasil e curadora do Movimento BW, todas as atividades na Amazônia Legal deveriam ser sustentáveis, incluindo a geração de eletricidade, que tem grande potencial com a fonte solar. “A Amazônia gera 26% da energia elétrica do país, mas tem 1 milhão de pessoas que estão no escuro, recebendo o fornecimento de energia em apenas algumas horas do dia, por meio de geradores a diesel. Outros 3 milhões de habitantes da região estão fora do Sistema Interligado Nacional (SIN). Podemos substituir os geradores por micro usinas fotovoltaicas”, explicou.

Placas solares em embarcações fluviais

Ela mostrou oportunidades de práticas sustentáveis na região, como a geração de energia a partir de resíduos plásticos, o uso de placas solares em embarcações fluviais para movimentar as embarcações e o excedente de energia ser usado para produção de hidrogênio e a reconversão do hidrogênio em eletricidade através de pequenos eletrolisadores e pequenos geradores de célula a combustível embarcados, o que possibilitaria que essas embarcações se tornassem geradores de eletricidade durante a noite para comunidades ribeirinhas. Além disso, todos os setores da economia Amazônica deveriam ser sustentáveis como por exemplo o uso de veículos emissão zero na mineração. “Existem muitas iniciativas em prol da Amazônia, mas seria importante a unificação e integração desses atores. Talvez, seja o caso de se criar um Pacto da Amazônia para ser aplicado em todos os setores, com benefícios para a comunidade local e para a preservação das florestas e dos rios”.

Agro, mineração e normas técnicas

Durante BW Especial – Desenvolvimento Sustentável na Amazônia, o moderador Vagner Barbosa, do Movimento BW, questionou os participantes sobre a relação da Amazônia com seus setores de atuação. Jungmann afirmou que a mineração se faz de forma sustentável, por isso assumiu compromissos para mitigar a curva de emissões de carbono. Falou ainda que o segmento é contra o garimpo ilegal, que destrói a natureza e ameaça os povos originários, sendo ligado ao crime organizado. “É caso de polícia e precisa ser enfrentado”

No caso do agronegócio, o setor tem aplicado técnicas sustentáveis em sua produção e Brito afirmou que é importante ser e parecer sustentável. “Apenas 1% das propriedades rurais tem ligação ao desmatamento, enquanto 99% preserva o meio ambiente. Entretanto, todo o setor é penalizado. O desmatamento ilegal não é caso de agronegócio, é de polícia”.

Segundo Brito, na região do arco do desmatamento, há milhões de hectares de déficit de Reserva Legal, o que gera uma oportunidade para recuperação de florestas com ganhos econômicos, além da geração de sequestro de carbono. A seu ver, o Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) é um mecanismo fundamental para casos onde a produção não seja suficiente para oferecer qualidade de vida.

Em termos de normalização Al Assal Filho contou que a ABNT está desenvolvendo um conjunto de normas para identificar, definir e analisar os serviços ecossistêmicos, o que possibilitará a criação de financiamentos verdes para as comunidades locais. “Em primeiro lugar, a preservação, mas é necessário recompensar economicamente e gerar riqueza para manter a floresta de pé, que por si só é um estoque de carbono”, disse.

Uma ideia trazida por ele, que já é realidade, foi a aplicação de biotecnologia para fabricação de princípios ativos utilizados em fármacos, em parceria com comunidades tradicionais, que possuem o conhecimento sobre o bioma. Também comentou sobre a importância do Movimento BW, que leva conhecimento e propósito para a sociedade.

Corroborando com a ponderação de Al Assal Filho, Monica falou sobre o papel do Movimento BW para disseminar a discussão da questão da Amazônia, que é urgente e precisa de ações imediatas.

BW Especial – Desenvolvimento Sustentável na Amazônia teve o patrocínio da Gripmaster. Para rever o evento, acesse o site oficial do Movimento BW. (Com informações das Assessoria de Imprensa da BW Biosphere World:
Mecânica Comunicação EstratégicaSP).

Roça sem Fogo promove aumento de produtividade, conservação do solo e evita emissões de gases de efeito estufa

São Paulo,  dezembro de 2022 – Com o mundo buscando soluções para a crise climática, será cada vez mais necessário encontrar alternativas para os modelos agrícolas atuais de produção que resultam em emissões de gases de efeito estufa. Mas, se muitas vezes a transição demanda novas tecnologias e grandes investimentos, em alguns casos soluções de baixo custo e complexidade já existem, faltando apenas ganhar escala para gerar maiores impactos.

Um exemplo de alternativa sustentável de produção é o modelo de Roça sem Fogo. Desde 2016, com patrocínio da  Petrobras, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), por meio do programa Florestas de Valor, contribui para a implementação da metodologia no norte do estado do Pará, com foco no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso, no município de Alenquer. “Tradicionalmente, os agricultores utilizam o método de limpeza do terreno para a plantação conhecida como corte e queima. Além de ser tradicional, em um primeiro momento o método é mais barato. Mas ele traz o impacto da alta emissão de gases de efeito estufa que contribui para o aquecimento global”, explica Leo Ferreira, coordenador de projetos do programa Florestas de Valor, do Imaflora.

Além da emissão de gases, a técnica pode causar a mineralização do solo, fazendo com que ele fique endurecido, perca a qualidade e fique exposto a erosões. Com a perda da qualidade do solo ocasionada pelo uso do fogo, a produtividade vai caindo, reduzindo o tempo de utilização dessas áreas, conforme explica Leo. Já com a Roça sem Fogo, aliado a técnicas corretas de manejo e aspectos como o uso de adubação verde, ocorre o inverso: em três anos um solo degradado se recupera, resultando na melhora da eficiência agrícola, na produtividade e numa colheita que gera renda o bastante para que o agricultor possa preparar a roça do ano seguinte. Além disso, ao invés de emitir, o processo gera a retenção de gases de efeito estufa. Na capoeira – que é a vegetação secundária que cresce em áreas desmatadas -, acumulada ao longo de um ano, existem cerca de sete toneladas de carbono estocados.

Além dos efeitos nocivos para o clima e para o solo, com consequências para a produtividade, o uso do fogo também pode gerar incêndios não intencionais, com consequências para a propriedade do agricultor, para unidades vizinhas e áreas florestais.

O programa Florestas de Valor já conseguiu levar a implementação do Roça sem Fogo para 56 hectares, com cerca de 50 famílias beneficiadas. Após a implementação, as áreas são acompanhadas pelo Imaflora, para verificar se todos os critérios estão sendo seguidos e se há necessidade de qualquer auxílio por parte dos produtores, como treinamentos e capacitações. Em seu ciclo anterior mais recente, entre os anos de  2018 e 2020, as ações de implantação e manutenção de áreas sustentáveis de produção agrícola tiveram um impacto climático positivo de 2.509 toneladas de carbono que deixaram de ser emitidas com a adoção da prática da Roça sem Fogo ou foram removidas da atmosfera pelo crescimento de espécies arbóreas cultivadas nos sistemas agroflorestais.

Leo entende que o programa se divide em três aspectos: sensibilização, execução e comprovação. “A sensibilização acontece quando o produtor percebe o efeito na prática, vendo os resultados de vizinhos, por exemplo; daí partimos para a execução. Já a comprovação dos benefícios é feita por meio de estudos, que podem influenciar a adoção da prática em políticas públicas”, afirma. O Florestas de Valor vem trabalhando em uma metodologia para realizar o inventário de emissões do projeto e demonstrar seus resultados.

Os próximos passos são a implementação de sistemas sustentáveis de produção agrícola, que incluem o Roça sem Fogo em mais 180 hectares até 2024. Atualmente são 117 hectares entre Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Roça sem Fogo, e a meta é chegar a 314 até 2025. Para a formação dos SAFs foram plantadas 50 mil mudas e beneficiadas mais de 169 famílias.

Campanha

Com o objetivo de disseminar informações sobre a técnica para os produtores agroextrativistas das regiões norte e oeste do Pará, especificamente nos municípios de Santarém, Alenquer e Oriximiná, o programa realiza no mês de dezembro a campanha “Roça Sem Fogo. Menos Fumaça. Mais Alimento”. A iniciativa apresenta informações básicas sobre os benefícios da transição do modelo de preparação da roça e como é possível aplicá-la no bioma amazônico.

Para mais informações, acesse o instagram @florestasdevalor

Sobre o Imaflora

O Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), uma organização brasileira sem fins lucrativos, nasceu em 1995 defendendo que a melhor forma de conservar florestas é dar a elas uma destinação econômica, associada ao uso responsável dos recursos naturais.

O Instituto atua no Brasil todo, promovendo ações que contribuem para a conservação dos recursos naturais e, também, para melhoria e manutenção da qualidade de vida de trabalhadores rurais e florestais, populações tradicionais, indígenas, quilombolas e agricultores familiares.

Da mesma maneira, busca fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento local sustentável que possam ser reproduzidos em outros municípios, regiões ou biomas do País.

Por meio de soluções integradas e inovadoras, o Imaflora tem se revelado um agente de mudanças nos setores florestal e agropecuário, demonstrando que é possível:

 

– Conciliar produção com conservação.

– Combinar benefícios sociais, ambientais e econômicos.

– Reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Para saber mais sobre os projetos e as soluções empreendidas pelo Imaflora visite a página www.imaflora.org (Israel Bumajny – SP)

Confira os destaques do Conexão Rural deste fim de semana:

Programa Procampo beneficia pequenos produtores rurais em Canaã dos Carajás, no Pará;

Vamos falar também sobre Manejo e Boas Práticas de Ordenha  Mecânica;

Conexão Rural comemora dia 18 de dezembro 11 anos no ar como a voz do campo na TV.

Na parte musical teremos o violeiro goiano Almir Pessoa.