Boas condições do campo de jogo contribuem para
o desempenho das seleções na Copa do Mundo
Chama atenção a qualidade dos gramados das arenas da Copa do Mundo do Catar, numa região desértica do planeta. Fernando Carvalho Oliveira, engenheiro agrônomo e responsável técnico pela linha de fertilizantes orgânicos Tera Nutrição Vegetal, produzidos a partir da reciclagem de efluentes industriais e do lodo de esgotos da estação de tratamento de Jundiaí, no interior paulista, explica ter evoluído muito as técnicas de cultivo e manutenção dos campos. Nesse sentido, ele cita trabalho de Patrick Luan Ferreira dos Santos, engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Agronomia da UNESP, em Botucatu.
O especialista da Tera chama atenção, de modo mais específico, para a utilização dos compostos orgânicos utilizados nos gramados, considerando, principalmente, a questão relacionada à drenagem. Um solo mal drenado compromete o crescimento das raízes por falta de oxigênio, levando à menor absorção de nutrientes, ao aparecimento de doenças, dificuldade no corte do campo e na prática do jogo pelos atletas.
Em campos de futebol de alta performance, segundo o trabalho do especialista da Unesp, tem-se a drenagem superficial e a subsuperficial. A primeira é fundamental para que não haja a ocorrência da formação de poças e para que resulte na adequada captação e dispersão da água da chuva. A segunda é de importância maior com relação à drenagem de superfície, porque capta o fluxo de água que cruza o topsoil (mistura de areia e matéria orgânica) e acelera o processo de expulsão da água do campo.
De maneira geral, os campos são compostos por um sistema de drenagem do tipo “espinha de peixe”, no qual uma tubulação é envolta de uma manta geotêxtil, coberta com britas e fechada. Acima dessa tubulação encontra-se uma camada de areia média, sobre a qual é alocada a base de topsoil, em uma camada de 20 a 30 centímetros, na qual o gramado irá se desenvolver.
O topsoil é fundamental para o desenvolvimento da vegetação. É colado em campos esportivos, após a camada superficial do solo ser removida. A correta mistura dos componentes (areia e compostos orgânicos) contribui para a boa drenagem e manutenção do campo, pois reterá umidade e nutrientes necessários ao crescimento e fortalecimento da grama. Existem condicionadores de solo que podem ser usados como aditivos à matéria orgânica na composição do topsoil.
A composição ideal está entre 80% e 90% de areia média e 10% e 20% de matéria orgânica. O topsoil tem participação muito importante no processo de drenagem, pois, além de permitir o desenvolvimento adequado da espécie, possibilita a infiltração da água que se acumula devido à precipitação pluvial ou irrigação.
Economia circular
Os fertilizantes orgânicos comercializados pela Tera Nutrição Vegetal são produzidos por compostagem termofílica. Além de ambientalmente sustentáveis, pois têm origem na reciclagem de resíduos orgânicos urbanos, industriais e agroindustriais, o grande potencial dos produtos está em seu conteúdo de matéria orgânica, substâncias húmicas, microrganismos, macro e micronutrientes.
Por isso, os fertilizantes proporcionam múltiplos benefícios ao sistema solo-planta, desde os aspectos nutricionais dos vegetais e melhorias nas propriedades físicas, químicas e biológicas da terra, até sua capacidade de supressão de fitopatógenos, promovendo de todas as formas ganhos de produtividade. Podem ser utilizados em qualquer cultura. Destacam-se o café, cana-de-açúcar, grãos, citros, frutíferas tropicais e de clima temperado, florestas de eucalipto, hortaliças, tubérculos, pastagens, parques, jardins, floreiras, gramados e plantas ornamentais.
Os fertilizantes da Tera são um exemplo perfeito de economia circular. Têm origem em resíduos orgânicos urbanos processados na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) de Jundiaí. Antes indesejados e muitas vezes destinados a aterros sanitários, esses efluentes são transformados em fertilizantes, retornando ao ciclo produtivo.
(Larissa Souza – Oficina de Comunicação – SP)