Em uma das mais importantes palestras da 1ª Rodada da Agenda ESG do Agronegócio Paraense – Investimento e Mercado, realizada dia 9 de março em Xinguara, no sul do Pará, o presidente do Sindicarne-PA, Daniel Freire, revelou um dado importante às autoridades e produtores rurais presentes ao evento: “Temos um excedente de 300 a 400 mil toneladas de carne bovina no estado. Produzimos 700 mil toneladas, consumimos algo em torno de 200 mil toneladas e exportarmos 100 mil toneladas. O objetivo é buscar clientes que remunerem melhor que o concorrido mercado nacional. O alvo é habilitar o estado para vender carne para Europa, USA, Japão, Coreia, etc… além de aumentar a produção para a China”, destacou.
Ele lembrou que o Pará enfrenta concorrência no próprio país e citou os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. “Nós temos concorrentes no Brasil, com exceção de São Paulo, que consome mais carne do que produz. A maioria dos outros estados tem superávit de produção como o Pará”, afirmou, ressaltando que o Pará enfrenta desvantagens nessa concorrência interna para acessar os mercados do sudeste por ter um custo maior de produção industrial. “Um exemplo é o custo logístico que chega a custar a mais em torno de R$25,00 / arroba”, detalhou o presidente do Sindicarne-PA.
Mercado brasileiro
Daniel citou que o nosso maior desafio é demonstrar ao mundo e ao próprio mercado brasileiro que a carne paraense tem origem e garantias socioambientais. “O Pará é o único estado que tem sua produção de carne auditada e os dados disponibilizados e publicados no site do MPF (Ministério Público Federal). Só conseguimos isso pois o estado é o único que tem transparência de dados. 100% dos GTAs são vinculados aos CAR das propriedades. Contamos também com a ferramenta Selo-Verde da SEMAS que possibilitará a consulta, monitoramento e reinserção das propriedades ao comércio de seus produtos”, disse ele. E acrescentou: “Tudo isso vem ao encontro das exigências do consumidor moderno. A carne que entregamos para as grandes redes de varejo nacional já vão com todo detalhamento de origem e garantias que ela não vem de áreas com problemas socioambientais”.
Daniel Freire ressaltou que todo esse esforço que o estado está fazendo será vital para abrir o mercado da carne paraense para países europeus, USA, Japão e outros que, além de valorizar, já tem legislações aprovadas ou em andamento que restringirão a importação de produtos que tem origem em áreas que houve desmatamento ou trabalho escravo.
Para Daniel Freire, “o tema ESG (Governança Sócio Ambiental) é o caminho sem volta e temos como exemplo a rede de restaurantes MacDonalds, que não compra carne do bioma amazônico”.
O presidente do Sindicarne-Pará, Daniel Freire, concluiu dizendo qual a saída para o mercado da carne paraense. “O nosso dever de casa é compilar tudo o que já foi feito, ajustar de forma auditável e com a ajuda de nossas autoridades, vender essa carne com garantia de ESG para os mais ricos mercados do mundo, trazendo renda e movimentando a economia dos 144 municípios que a pecuária se faz presente”.
Por Lima Rodrigues)