Os projetos inovadores destacaram-se por suas soluções e impactos no turismo sustentável
Por Sâmia Maffra (SETUR)
Duas empresas paraenses do setor do turismo são finalistas do Prêmio BRAZTOA de Sustentabilidade 2024. Os empreendimentos Rota Amazônia Atlântica Experiência e Vida Caboca Experiências foram selecionados nas categorias produto e experiência/produto.
Os projetos inovadores destacaram-se por suas soluções e impactos no turismo sustentável. Ao todo, a premiação recebeu 83 inscrições de empresas de todo o Brasil, mas apenas 26 iniciativas foram classificadas. A cerimônia de premiação será dia 9 de novembro na Festuris, em Gramado.
Valorização – A iniciativa apresentada pela empresa Vida Caboca foi uma solução de desenvolvimento sustentável para a região das ilhas de Belém, por meio da cadeia do cacau e chocolate, proporcionando ao turista a oportunidade de comprar direto da fonte e com isso, a renda possa circular na comunidade ribeirinha e nos produtores locais. “Mostramos que a agregação maior de valor se dê desde os momentos iniciais da cadeia de valor, e não apenas que a fábrica seja uma fornecedora de um produto final de amêndoas e chocolates para outros players do mercado, outros varejistas, outros chocolate makers. Então essa renda ficando aqui por meio do turismo e ele comprando diretamente da fonte, nós acreditamos que fazemos uma conexão verdadeira e mostramos através dessa proposta que é possível, mesmo diante de condições difíceis de produção na Ilha do Combu”, sinaliza Mário Carvalho, um dos sócios da empresa.
Para ele, estar entre os finalistas é uma grande honra e reconhecimento ao trabalho desenvolvido. “Ser reconhecido como um empreendimento que respira essa sustentabilidade que a gente tanto luta todos os dias aqui na Amazônia, então estar entre os finalistas é um reconhecimento muito importante. É sobre estar no caminho certo, de continuar acreditando nos valores que pregamos e praticamos, juntamente aos nossos clientes. É formidável esse reconhecimento de uma instituição de abrangência nacional, que reúne as operadoras de turismo do Brasil, então para nós é surpreendente esse reconhecimento”, pontua Mário. A Vida Caboca também já possui o Prêmio Nacional de Turismo, reconhecimento do Ministério do Turismo (Mtur) em 2023.
O prêmio para Hortência Osaqui, empreendedora da Fazenda Bacuri, pertencente a Rota Amazônia Atlântica, é “uma oportunidade de mostrar para o mundo as nossas raízes e as riquezas da Amazônia Atlântica através do turismo associado a produção rural sustentável”, comentou. O roteiro é o único validado pelo Mtur no Projeto Experiência do Brasil Rural, com ênfase em frutas da Amazônia, da região norte do País. “Nós apresentamos histórias de verdade e uma alternativa econômica sustentável através do turismo associado a produção rural nos municípios de Castanhal, Bragança e Augusto Corrêa”, conta Hortência.
Experiências – A Ilha do Combu é o cenário das experiências da Vida Caboca, ligadas à cadeia do cacau, chocolate, gastronomia, fauna e flora local. Os roteiros ofertados variam de 1 hora até um dia inteiro de imersão na cultura ribeirinha. “Para quem tem pouco tempo, a sugestão são as trilhas ecológicas, a partir de uma hora de duração. Nós também fazemos um trabalho no Chalé Saldosa Maloca, no Chalé do Chocolate da Dona Nena, levando turistas para conhecer a floresta que tem nesses locais, explicando sobre a fauna e a flora, como é a relação dessas árvores com o cultivo de açaí e de cacau dessa região”, explica Mário.
Nos roteiros mais longos, de até 4 horas de duração, estão os passeios sobre bioeconomia de cacau e chocolate, com direito a produção do seu próprio chocolate, e do açaí tuíra. “ Levamos o turista para conhecer toda a cadeia do cacau, passando por experiências de como fazer seu próprio chocolate e levar para casa, para ele ter a emoção de consumir receitas que são ancestrais, que ele não vai encontrar em nenhuma chocolateria do mundo, mas que ele encontra ali na Ilha do Combu, uma receita dos tradicionais povos ribeirinhos, assim como eles consumiam a gemada de cacau, por exemplo, que é uma receita exclusiva desse nosso roteiro. E também temos passeios ligados ao açaí tuíra, ligado à cadeia do açaí, explicando todos os envolvimentos dos atores econômicos e toda a história e cultura por trás do consumo do açaí”, complementa.
O carro chefe do Vida Caboca é o “Passaporte Combu”. “É um passeio que dura um dia inteiro, o qual navegamos por áreas mais remotas da Ilha, dando uma noção completa sobre o local, mostrando uma noção sobre todas as suas potencialidades, tanto na gastronomia quanto nos aspectos culturais, que sempre costumamos trabalhar em todos os nossos roteiros”, avalia.
A Rota Amazônia Atlântica engloba os municípios de Augusto Corrêa, Curuçá e Bragança, no nordeste paraense e objetiva criar uma alternativa econômico-social e ambiental, visando o processo de gestão dos produtores participantes e a visibilidade dos empreendimentos envolvidos.
O projeto de experiência turística, socioeconômica e socioambiental envolve onze empreendimentos, entre eles a Fazenda Bacuri, que conta com uma agroindústria que produz derivados do fruto bacuri que pode ser utilizado na produção de compotas, doces, geleias, licores, sorvetes e sucos. Da semente do fruto também é possível extrair um óleo usado pela indústria de cosméticos e pela medicina popular como anti-inflamatório e cicatrizante. A fazenda também conta com uma trilha de imersão, chamada “A bioeconomia da floresta em pé”, um passeio para conhecer um ecossistema que explica o processo de um dos frutos mais populares e peculiares da região amazônica.
Hortência explica como a sustentabilidade e o turismo estão alinhados na Rota. “Na questão ambiental podemos citar o case da bioeconomia da floresta em pé da Fazenda Bacuri, com produção de produtos orgânicos de frutas da Amazônia por meio do manejo da agrofloresta; no impacto social o empoderamento das pessoas como o caso do Observatório do Sacaca / Perimerim em Rota um pescador artesanal com o seu conhecimento e a vivência ribeirinha com oceano atlântico a produtora rural a Dona Deusa do Sítio Raiz com o modo de fazer o beju alimento típico da região e a famosa farinha de Bragança. Tudo isso gerando renda para cada um de acordo com suas atividades rurais respeitando os seus saberes”.
PREMIAÇÃO– Lançado em 2012, o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade – “Atitudes que transformam o turismo”, integra o Programa de Sustentabilidade da Braztoa. A premiação busca incentivar, reconhecer e dar visibilidade a iniciativas que se destaquem como as melhores práticas de sustentabilidade em toda a cadeia do turismo nacional, contribuindo o desenvolvimento sustentável e com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil.
Em sua 12ª edição, a premiação ao longo dos anos conta com mais de 1.000 iniciativas inscritas e mais de 100 premiadas, de todas as regiões do Brasil, a iniciativa pioneira tornou-se uma referência no setor, reconhecida nacional e internacionalmente por seu papel na promoção e incentivo de práticas sustentáveis no turismo brasileiro.
A premiação é a primeira no mundo a receber a chancela da OMT (Organização Mundial do Turismo), o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade é o principal reconhecimento em turismo sustentável no Brasil – tendo se consolidado como o único no país a lançar um olhar abrangente e integrado para todos os elos da cadeia produtiva nesse setor.
SOBRE A BRAZTOA -A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo é a principal entidade representativa e de apoio às operadoras de turismo de lazer no Brasil, congregando atualmente 89 associados, entre os quais 57 são operadoras de turismo e 32 são parceiros institucionais ou comerciais. As associadas de operadoras de turismo abrangem tanto o turismo receptivo quanto o emissivo, doméstico e internacional, além de trabalhar com os diversos segmentos de viagem: luxo, aventura, sol e praia, intercâmbio, turismo cultural ou esportivo.
Há 35 anos, a associação desenvolve ações institucionais, de fomento ao desenvolvimento do setor de turismo e de promoção e apoio à comercialização.
Fonte: Agência Pará