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Projeto no Tapajós mostra como pequenos produtores conciliamprodução agrícola com conservação

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A implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) muda a realidade das comunidades e estimula a conservação do meio ambiente

Quatro associações comunitárias, lideradas principalmente por jovens e mulheres, estão conseguindo restaurar áreas degradadas na região de Tapajós, no Pará. Com esse trabalho, as comunidades estão gerando emprego e renda ao mesmo tempo em que ajudam a recuperar e conservar bacias hidrográficas por meio de sistemas agroflorestais (SAFs) e áreas de proteção permanente (APPs) hídricas.

Parceria entre a Conservação Internacional (CI-Brasil) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o Projeto de Restauração da Floresta Amazônica no Tapajós – que contou com apoio financeiro da General Motors – teve como objetivo capacitar agricultores para coletar sementes, produzir mudas e plantar árvores nativas e frutíferas em áreas degradadas. Trata-se de uma experiência que pode ser replicada em todo o país, de acordo com as características de cada bioma, beneficiando pequenos agricultores de todo o Brasil.

Junto com culturas alimentares que já existiam, a exemplo do milho, feijão, pupunha e abóbora, o projeto do Tapajós privilegiou as culturas com árvores, como o ipê. As mudas de banana foram colocadas entre os piquetes para sombreamento das outras espécies, com produção de frutos e matéria orgânica. Ao todo, foram plantadas 7.435 mudas.

“Nesses tipos de cultura, é importante obedecer a algumas regras que são ensinadas pelos técnicos, como mesclar as espécies que devem ser cultivadas para criar um ecossistema diverso e rico”, explica Maria Farias, coordenadora de projetos da CI-Brasil. “Essa diversidade é essencial para o enriquecimento, a conservação e a restauração das florestas, permitindo benefícios como o sequestro de carbono e a proteção da natureza.”

As famílias receberam assistência técnica desde o primeiro estágio, que foi o roçado das áreas de plantio, que foi feito de forma mecanizada e manual. O piqueteamento da área respeitou a distância de 3 a 4 metros de uma muda para a outra. Elas foram plantadas em berços com 40 cm x 40 cm x 40 cm de dimensão, que receberam de 3 kg a 5 kg de esterco de gado ou galinha.

Para evitar a dependência de mudas externas, foram criados três viveiros, com capacidade para a produção de 40 mil unidades anuais ao todo, e a criação de uma rede de sementes. Foram envolvidas 100 famílias em um trabalho de 12 meses, que beneficiou mais de 500 pessoas.

Para facilitar a comunicação entre as famílias e os técnicos, a tecnologia é uma aliada. Todas as famílias participantes foram adicionadas a grupos de WhatsApp onde esclarecem dúvidas e enviam fotos e vídeos da evolução das mudas. O acompanhamento online foi feito também com vídeos gravados pelos técnicos e atendimento por telefone em caso de emergência. Com isso, foi possível manter um canal aberto e dinâmico entre as visitas presenciais, que ocorreram mensalmente. Ao todo, foram plantados 5 hectares de SAFs e 3 hectares de APPs recuperados.

Segundo Maria Farias, a iniciativa melhorou a vida das famílias ao mesmo tempo em que gerou ganhos ambientais. “São vários benefícios perceptíveis, como potencializar a sociobiodiversidade, promover a segurança alimentar e valorizar a cultura local, além de gerar trabalho e renda para as populações envolvidas”, disse.

A replicação da iniciativa em outros lugares do Brasil exige um planejamento prévio, com apoio técnico. No caso do projeto no Tapajós, essa etapa foi feita por meio de quatro visitas das equipes técnicas do IPAM, da CI-Brasil e da Universidade Federal do Oeste do Pará para definir as áreas de implantação de SAFs junto com representantes das comunidades. O objetivo das visitas foi observar a situação da cobertura vegetal e estado do solo; orientar a limpeza e preparo da área; realizar a demarcação preliminar com pontos de GPS e fixação de balizas nas extremidades das áreas; além de orientar sobre as etapas de implantação dos sistemas.

A restauração de áreas de proteção permanente hídricas

O projeto da CI-Brasil com as famílias do Tapajós abarcou também a restauração em áreas de proteção permanente (APPs) hídricas. Nesses casos, foi feita a sinalização e isolamento da área selecionada e a abertura de linhas para implantar espécies nativas para enriquecimento do solo, com identificação e sinalização das nascentes dentro da área demarcada. Houve o monitoramento da área de entorno para evitar incidentes com fogo ou a invasão pelo gado. Além da restauração, o trabalho nas APPs envolveu também a realização de trilhas com aulas práticas dos alunos na área selecionada e o esboço de um plano de Turismo de Base Comunitária.

Nos dois tipos de iniciativa – SAFs ou APPs Hídricas – as equipes técnicas enviaram croquis da área com o plano de regeneração a ser implantado e ficaram disponíveis para esclarecer dúvidas à distância. Todos os projetos foram discutidos com as famílias, assim como a área selecionada para determinar as culturas que comporiam SAFs e APPs Hídricas.

Década da Restauração

O projeto da CI-Brasil no Tapajós atua em harmonia com os objetivos da Década da Restauração (de 2021 a 2030) e  soma esforços à meta do Brasil de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação e à meta subnacional do Estado do Pará, com o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), para a recuperação de 5,6 milhões de hectares.

A iniciativa envolveu ainda a Associação dos Agricultores Familiares da Batata (ASAFAB), Associação dos Moradores do Areia (AMA), Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra (AMABELA) e Casa Familiar Rural de Belterra. O projeto estabeleceu parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), por meio do Laboratório de Sementes Florestais (LSF), com a coordenação do professor Everton Almeida, para formatar as oficinas e capacitações que foram ministradas aos agricultores e agricultoras da região.

(Assessoria de Imprensa)