A produção de peixes nativos retomou a rota de crescimento. No ano passado, o volume chegou a 267.060 toneladas, o que representa avanço de 1,8% sobre as 262.370 toneladas registradas em 2021. Um dos fatores responsáveis por esse aumento é a inserção desses peixes em mais projetos que visam ampliar as opções da piscicultura brasileira. A participação dos nativos na produção total do Brasil foi de 31,04%.
A maior parte da criação das espécies nativas está na Região Norte (53,7%), que produziu 143.500 toneladas em 2022. Na comparação com o ano anterior, o desempenho ficou praticamente estável, com redução de 0,2%. A Região Nordeste somou 56.580 toneladas e registrou crescimento de 5,4% na relação ano contra ano. Completando a concentração da produção de nativos está a Região Sudeste, com 49.100 toneladas e redução de 0,3% entre 2022 e 2021.
Entre os estados, a liderança na produção de peixes nativos é de Rondônia, com 57.200 toneladas. Na sequência, uma mudança entre a segunda e a terceira posições em relação aos dados de 2021: Maranhão (39.100 t) superou Mato Grosso (38.000 t). O quarto e o quinto nessa lista são, respectivamente, Pará (24.200 t) e Amazonas (21.300 t).
“O último trimestre de 2022, período de início das compras de alevinos para a safra de 2023, foi um pouco mais fraco em relação ao ano anterior, principalmente devido ao baixo preço pago ao produtor. Porém, uma boa Semana Santa em 2023 pode reverter esse quadro de baixa procura e retomar as compra”, explica Francisco Medeiros.
Em 2022, Brasil produziu 860 mil toneladas de peixes de cultivo, com crescimento de 2,3%
Francisco Medeiros, presidente-executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR)
“2022 foi um ano desafiador em vários sentidos. A economia global manteve-se em desaceleração devido à pandemia e também foi impactada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Além disso, foi um período de custos de produção elevados e desajustes no comércio internacional.
Mesmo com essas e outras adversidades, a piscicultura brasileira cresceu 2,3%. Não foi um crescimento como em anos anteriores, porém a atividade manteve a curva ascendente, comprovando a demanda crescente dos peixes de cultivo.
No total, produzimos 860 mil toneladas, com destaque mais uma vez à tilápia, que já representa cerca de 64% do volume. Os peixes nativos mantêm-se como um segmento de muita relevância e outras espécies – com destaque para o pangasius – buscam evolução.
Temos desafios em várias frentes para retomar o ritmo de avanço da produção brasileira. O que nos move é o tremendo potencial para a atividade, inclusive porque o consumo interno ainda é baixo (cerca de 9,5 kg/hab/ano) e há muitas oportunidades no mercado externo para nossos peixes de cultivo.
A Peixe BR dá sua contribuição para o crescimento da atividade no Brasil, tendo se constituído em apenas oito anos em uma entidade sólida, consistente, presente e com muitos serviços para a cadeia produtiva.
Ações como o lançamento do modelo de produção “Integração tambaqui-curimbatá” contribuem de maneira substancial para a retomada do crescimento da produção de peixes nativos no Brasil.
Estamos em contato com o Ministério da Pesca e Aquicultura, nos colocando à disposição para a construção de uma piscicultura nacional forte e competitiva, conectada a boas práticas, intenso cuidado sanitário e busca pelo aumento da produtividade, sempre com rentabilidade para os diversos segmentos da cadeia produtiva.
Em 2023, estamos ainda mais atuantes, contribuindo para a contínua evolução dessa atividade fantástica, que coloca à disposição do mercado alimentos saudáveis e de alta qualidade”.
(Texto Comunicação – SP)